segunda-feira, 15 de novembro de 2010

PRAIA DO GONZAGA EM SANTOS


Essa foto aí em cima foi tirada no dia de hoje, 15 de novembro de 2010, feriado, dia da proclamação da república. Praia do Gonzaga, na cidade de Santos. Copiei da UOL.

Essa imagem me traz grandes e boas recordações. Minha adolescência vem à cabeça com força. Na década de 70 eu morava com a minha família em Santos, exatamente no bairro do Gonzaga. Na verdade foram poucos anos, e não a década toda. Foi de julho de 1975 a janeiro de 1980.

Cheguei a Santos com 12 anos de idade. Um menino aturdido com a cidade grande. Eu tinha saído do interior de Goiás. Nunca tinha visto o mar. Não fazia nem ideia. É claro que na escola já tinha visto ilustrações, e também na televisão, mas na minha cabeça, não imaginava como era de verdade.

Na noite em que chegamos, meu pai levou a mim e a minha irmã caçula para ver o mar. Mas era noite e não víamos nada. Ficamos um tempo sentados num banco de concreto no calçadão ao lado do Posto 2. E meu pai tentava nos dar uma dimensão da coisa, mas não adiantava. A gente queria ver o mar, tocar nele, sentir como era.

Tivemos que nos contentar em ver aquela espuma branca aparecendo e sumindo ao longe. Eram as ondas que arrebentavam gerando aquela espuma branquinha. Fiquei aflito e mal dava para esperar o novo dia para ver de perto aquela lagoa enorme. Me lembro que só fui matar a minha curiosidade alguns dias depois. Porque estávamos todos envolvidos em arrumar a mudança, pôr os móveis no lugar e tudo mais, e como era pequeno, tinha que esperar alguém mais velho se desocupar para me levar.

Mas o dia chegou e quando vi aquele... mar... senti uma sensação tão boa, o peito parecia que ia se abrir, explodir. Na época não sabia explicar o que estava sentindo, mas hoje, lembrando daquele momento, eu estava de frente com a liberdade, com o limite da terra e o ilimite do mar. Olhava a linha do horizonte e apesar de não ver além dela, tentava adivinhar um mundo após.

Também experimentei a água molhando o dedo, e vi que era salgada de verdade. Só conhecia águas dos rios. Pulei nas ondas e sobre elas. Mergulhei com os olhos abertos e vi estrelas. Levei picada de siri. Vi as pessoas pegando jacaré, e tentei fazer igual até conseguir. Vi os surfistas com as suas pranchas pegando onda e fazendo manobras radicais, e ficava embasbacado. Um mundo novo!

Fui muito feliz em Santos. Fiz boas amizades. Joguei muita bola na praia. Vôlei. Frescobol. Tamboréu. Corri muito ali. Do Posto 2 até a praia do Itararé em São Vicente. Subia no trem que passava próximo de casa. Andava de bicicleta na cidade toda. Andava em lugares que meus pais nunca desconfiaram. Fui a um jogo do Santos na Vila Belmiro, mas não me lembro contra quem e nem quem ganhou, porque não suportei o barulho da torcida e acabei saindo mais cedo. Já naquela época apreciava a calma, a quietude. Muita gente confinada me deixava agoniado.

Agora, na praia, não me importava com muita gente. Paquerei muito. Não muito. Podia ter paquerado mais. Santos é um lugar de gente bonita. Também é um lugar de gente da terceira idade. Dizem que é a cidade dos aposentados. Quando me aposentar, quem sabe realizo o sonho de voltar pra lá?! Não falta tanto tempo mais. Será que ainda Deus vai me dar essa oportunidade?!

sábado, 18 de setembro de 2010

Até quando?


Aquela cena terrível ainda me vem à mente de repente.

Até quando?

Dia 15 de setembro de 2010, quarta-feira, manhã, Feira dos Importados em Brasília. Estava em férias em Paracatu/MG e ao retornar pra casa, dei carona a minha cunhada até Brasília. Lá chegando, ela nos convenceu a ir a essa feira comprar roupas, porque é tudo mais em conta. Chegando àquela rua estreita da feira, vimos um corpo no chão, naquele asfalto quente, coberto com um saco plástico branco e com os pés descobertos. Em volta, cheio de sangue. Mais à frente um caminhão baú parado e vários policiais conversando na sombra que o baú proporcionava. O perímetro do acidente estava cercado com fita plástica amarela e preta. Muita gente ao redor daquele cerco olhando aquele corpo sem vida, miolos, ali, estendido naquele chão quente. Meu Deus! Que cena horrível!

Perguntei a um jovem visivelmente perplexo com o que havia acontecido, e ele disse que viu o acidente. O caminhão estava parado na faixa esquerda da rua com o motor funcionando, a mulher parou e se encostou ao lado esquerdo do para-choque na frente do caminhão, meio encurvada pra frente olhando após do caminhão, certamente pra ver se não vinha nenhum carro pra que pudesse acabar de atravessar a rua. Nesse momento o motorista do caminhão o acelerou e saiu empurrando a mulher pra debaixo dele e passando com a roda por cima da sua cabeça. O motorista só parou quando ouviu as pessoas gritando pra ele parar.

Escutando outras pessoas por ali, fiquei sabendo que a mulher tinha 32 anos e tinha acabado de sair da loja da cunhada, que a cunhada viu tudo e desmaiou, que o motorista tinha ficado muito perturbado quando viu a mulher no chão sem a cabeça, que o motorista disse que não viu ninguém na frente do caminhão, que a mulher era baixa e a cabine do caminhão alta e isso foi o motivo do motorista não ter visto a mulher etc.

Aquela cena daquela mulher estendida ali na rua, as pessoas olhando, sem ninguém poder fazer nada, sem eu poder fazer nada. Sensação de impotência. Eu pensava comigo mesmo, o que posso fazer? Confesso que passou pela minha cabeça..., e se orasse a Deus em nome de Jesus para que ressuscitasse aquela mulher?! Se Deus atendesse minha oração e realizasse ali naquele momento o milagre da vida?! Quantas pessoas ali seriam alcançadas pelo Evangelho vendo o poder de Deus se manifestando naquele corpinho ali, recompondo primeiro a sua cabeça e em seguida se levantando dando glórias ao Pai?!

Fico pensando, que tipo de fé é essa que digo possuir? Jesus disse que se tivéssemos fé do tamanho de um grão de mostarda, poderíamos mover montanha. Mas e se eu orasse ali e não acontecesse nada? Morreria também eu de vergonha? As pessoas zombariam de mim? Poderiam me hostilizar? O que eu poderia falar àquelas pessoas se Deus não quisesse levantar aquela mulher morta? Cadê a minha ousadia pra pregar as Boas Novas? Cadê a minha intrepidez pra aproveitar a oportunidade? Cadê a minha confiança em Jesus? O que aconteceu com aquela paz que saí do encontro nacional do caminho da graça? Será que entendi tudo mesmo? Por que eu já maduro, pelo menos na idade, impressionar tanto como a um menino?

Depois, fico arrazoando comigo mesmo, que estou sendo extremista demais, que Jesus não me deu o dom de ressuscitar, que Jesus sabe que a nossa fé é mesmo muito pequena, muitas vezes menor que o grão de mostarda, tanto que Ele mesmo anunciou isso, que Ele não vai me cobrar por essa fraqueza, que sou mesmo fraco e Ele sabe disso melhor do que eu mesmo, que fatalidades acontecem o tempo todo, e foi o que aconteceu com aquela mulher, que poderia ter acontecido comigo mesmo ou qualquer familiar meu, que não sou nada e que por isso mesmo preciso tanto da misericórdia e da graça do Senhor Jesus, que... que... que...

...que fim de férias!

David