A vida do pequeno Milburges - o Filhinho para os Ribeiros - o Camelico para os Galante -, inconsciente dos eventos dramáticos que envolveram o seu nascimento, desenvolvia-se num ambiente familiar piedoso, assistido carinhosamente pelos pais adotivos, Marcílio e Ninita, que se desvelavam para suprir aquelas necessidades peculiares a todos recém-nascidos considerando-se que o pequeno Milburges era órfão de mãe, a quem não conhecera e, por ela também não conhecido, face ao abrupto desenlace, que a vitimou.
Nos primeiros tempos, o cardápio do pequeno: leite na mamadeira, não havia como escapar dessa realidade. Todavia, providentemente ou oportunamente, três senhoras deram a luz naqueles dias, duas delas da Igreja, uma vizinha dos meus avós, outra era prima da Ninita, a terceira era outra vizinha, de família italiana, e também amiga de minha mãe, eram elas Antonina (a Nina), a Pereira (Goulart) e Eufrásia (não evangélica).
De acordo com os costumes daqueles tempos, os filhos daquelas senhoras vieram a ser minhas irmãs de leite e irmãos de leite: Camélia, Alpina (mães crentes), e Carlos (mãe católica). Isso era muito importante, tanto assim que o esposo da Camélia me trata como se eu, de fato, fosse seu cunhado.
Após aqueles primeiros tempos, meus pais retornaram para a fazenda do José Coelho e Isolina Goulart. Meu “avô” separou uma vaca leiteira, saudável, “curraleira”, que dava leite de excelente qualidade. Eu cheguei a conhecer essa “mãezinha leiteira”, chamada Mansinha. A fazenda distava da cidade cerca de cinco quilômetros, distância que não impedia a freqüência assídua aos trabalhos da Igreja. Era uma festa, pois, além da participação nos trabalhos da Igreja, passava-se um alegre dia na companhia dos parentes da cidade, avós e tios e, por tabela, as mães de leite. Meu avô Zéca, nessa época, possuía um Fordinho 28, o genro Marcílio, era o “chauffeur”, assim se tratava o motorista, que nunca precisou tirar a carteira de motorista para dirigir.
Eu participava de tudo, mas não tomava conhecimento. Quando amadureci um pouco mais, já não havia o Fordinho de bigode, o veículo, agora, era o cavalo, e o carrinho puxado a cavalo, veículo que levava à cidade o leite, frutas, frangos e ovos. Esta temporada na fazenda, foi um dos períodos felizes, dos quais muita coisa está presente na memória. Nesta ocasião o Pastor da Igreja era o Rev. David Lee Williamson (missionário) e sua esposa D. Virgínia Williamson e os seus filhos David Jr e Betinha, queridos amigos, e companheiros de Escola Dominical. Nesta fase, ano de 1934, o evangelista da Congregação Presbiteriana, Pouso Alto, Goiás, deixara a direção da Congregação. Porém, o que o incidente teria a ver conosco? O Pastor responsável pelos atos pastorais, era o Rev. David. Este, conhecendo o casal Marcílio e Gersonita, como conhecia, a dedicação dos mesmos nos trabalhos da Igreja de Araguari, convocou-os assim como Deus convocara à Abraão: “Sai da tua casa, do meio da parentela, e vai para Pouso Alto. Certamente, Deus os abençoará e vocês serão ali uma bênção para aquele rebanho sem liderança no momento, e vocês, por outro lado, se sentirão abençoados”.
Marcílio e Gersonita, apesar dos problemas afetivos que se desencadeariam com a aceitação do desafio, no seio da família, particularmente dos velhos Zéca Coelho e Isolina Goulart, que nunca, até então, haviam se separado da filha Ninita, não hesitaram. E, apesar de não terem aquela qualificação oferecida pelo Instituto Bíblico de Patrocínio, MG, criado pelo Rev. Dr. Eduardo Lane, para a preparação de obreiros leigos (os futuros evangelistas), lá foram eles já cheios de saudade, mas com muito amor e vida cristã para compartilhar com aqueles desconhecidos irmãos.
Eu ainda me lembro, daquela manhã, ali na estação da estrada de ferro, em Araguari, nós três, e uma multidão de irmãos da Igreja, que, na verdade naqueles saudosos tempos, se constituíam numa grande família, no espírito de Atos, 3:42-47; 4:32-35. Porém, bem juntinhos dos três que se arribavam, os familiares, avós maternos, paternos e os tios, se debulhavam em lagrimas. Foi dada a partida e lá fomos nós na sacolejante Maria Fumaça, precisando tomar cuidado com as fagulhas que chegavam trazidos pelo vento. Os homens usavam chapéus. Homem, o decente não abria mão de chapéu. As fagulhas deixadas pela locomotiva (máquina) parecem que tinham como alvo predileto, as capas e as abas dos chapéus. Lembro-me, assim, do buraco que uma fagulha causou na aba do chapéu do meu pai.
De Araguari para Pouso Alto, seguia-se por estrada-de-ferro até a pequena Pires do Rio, em Goiás. A estrada-de-ferro, tinha seu ponto final na cidade de Anápolis.
Pernoitava-se em Pires do Rio, numa pensão próxima à estação, cujos proprietários eram evangélicos, membros da Igreja Cristã Evangélica. De Pires do Rio para Pouso Alto, o único meio de transporte era um caminhão que levava várias mercadorias e as malas do correio, a serem distribuídas nas localidades ao longo do percurso. Sem espaço na cabine, era reservado na carroceria, para levar passageiros, preparada com bancos de tábuas, fixados nas laterais da carroceria. O caminhão tinha uma tolda de lona, que protegia do sol e da chuva, mas que tornava o ambiente aquecido como um forno. A estrada, um suplício, na seca, a poeira, na chuva, o barro, os atoleiros. Iniciava-se a viagem pela manhã e chegava-se a viagem pela manhã e chegava-se à tardezinha em Pouso Alto, quando não se pousava numa das localidades intermediárias: Santa Crus (antiga capital do estado de Goiás) e a Vila de Gameleira, praticamente habitada por evangélicos, da Igreja Cristã Evangélica (mais tarde, Cristianópolis).
Nos primeiros tempos, o cardápio do pequeno: leite na mamadeira, não havia como escapar dessa realidade. Todavia, providentemente ou oportunamente, três senhoras deram a luz naqueles dias, duas delas da Igreja, uma vizinha dos meus avós, outra era prima da Ninita, a terceira era outra vizinha, de família italiana, e também amiga de minha mãe, eram elas Antonina (a Nina), a Pereira (Goulart) e Eufrásia (não evangélica).
De acordo com os costumes daqueles tempos, os filhos daquelas senhoras vieram a ser minhas irmãs de leite e irmãos de leite: Camélia, Alpina (mães crentes), e Carlos (mãe católica). Isso era muito importante, tanto assim que o esposo da Camélia me trata como se eu, de fato, fosse seu cunhado.
Após aqueles primeiros tempos, meus pais retornaram para a fazenda do José Coelho e Isolina Goulart. Meu “avô” separou uma vaca leiteira, saudável, “curraleira”, que dava leite de excelente qualidade. Eu cheguei a conhecer essa “mãezinha leiteira”, chamada Mansinha. A fazenda distava da cidade cerca de cinco quilômetros, distância que não impedia a freqüência assídua aos trabalhos da Igreja. Era uma festa, pois, além da participação nos trabalhos da Igreja, passava-se um alegre dia na companhia dos parentes da cidade, avós e tios e, por tabela, as mães de leite. Meu avô Zéca, nessa época, possuía um Fordinho 28, o genro Marcílio, era o “chauffeur”, assim se tratava o motorista, que nunca precisou tirar a carteira de motorista para dirigir.
Eu participava de tudo, mas não tomava conhecimento. Quando amadureci um pouco mais, já não havia o Fordinho de bigode, o veículo, agora, era o cavalo, e o carrinho puxado a cavalo, veículo que levava à cidade o leite, frutas, frangos e ovos. Esta temporada na fazenda, foi um dos períodos felizes, dos quais muita coisa está presente na memória. Nesta ocasião o Pastor da Igreja era o Rev. David Lee Williamson (missionário) e sua esposa D. Virgínia Williamson e os seus filhos David Jr e Betinha, queridos amigos, e companheiros de Escola Dominical. Nesta fase, ano de 1934, o evangelista da Congregação Presbiteriana, Pouso Alto, Goiás, deixara a direção da Congregação. Porém, o que o incidente teria a ver conosco? O Pastor responsável pelos atos pastorais, era o Rev. David. Este, conhecendo o casal Marcílio e Gersonita, como conhecia, a dedicação dos mesmos nos trabalhos da Igreja de Araguari, convocou-os assim como Deus convocara à Abraão: “Sai da tua casa, do meio da parentela, e vai para Pouso Alto. Certamente, Deus os abençoará e vocês serão ali uma bênção para aquele rebanho sem liderança no momento, e vocês, por outro lado, se sentirão abençoados”.
Marcílio e Gersonita, apesar dos problemas afetivos que se desencadeariam com a aceitação do desafio, no seio da família, particularmente dos velhos Zéca Coelho e Isolina Goulart, que nunca, até então, haviam se separado da filha Ninita, não hesitaram. E, apesar de não terem aquela qualificação oferecida pelo Instituto Bíblico de Patrocínio, MG, criado pelo Rev. Dr. Eduardo Lane, para a preparação de obreiros leigos (os futuros evangelistas), lá foram eles já cheios de saudade, mas com muito amor e vida cristã para compartilhar com aqueles desconhecidos irmãos.
Eu ainda me lembro, daquela manhã, ali na estação da estrada de ferro, em Araguari, nós três, e uma multidão de irmãos da Igreja, que, na verdade naqueles saudosos tempos, se constituíam numa grande família, no espírito de Atos, 3:42-47; 4:32-35. Porém, bem juntinhos dos três que se arribavam, os familiares, avós maternos, paternos e os tios, se debulhavam em lagrimas. Foi dada a partida e lá fomos nós na sacolejante Maria Fumaça, precisando tomar cuidado com as fagulhas que chegavam trazidos pelo vento. Os homens usavam chapéus. Homem, o decente não abria mão de chapéu. As fagulhas deixadas pela locomotiva (máquina) parecem que tinham como alvo predileto, as capas e as abas dos chapéus. Lembro-me, assim, do buraco que uma fagulha causou na aba do chapéu do meu pai.
De Araguari para Pouso Alto, seguia-se por estrada-de-ferro até a pequena Pires do Rio, em Goiás. A estrada-de-ferro, tinha seu ponto final na cidade de Anápolis.
Pernoitava-se em Pires do Rio, numa pensão próxima à estação, cujos proprietários eram evangélicos, membros da Igreja Cristã Evangélica. De Pires do Rio para Pouso Alto, o único meio de transporte era um caminhão que levava várias mercadorias e as malas do correio, a serem distribuídas nas localidades ao longo do percurso. Sem espaço na cabine, era reservado na carroceria, para levar passageiros, preparada com bancos de tábuas, fixados nas laterais da carroceria. O caminhão tinha uma tolda de lona, que protegia do sol e da chuva, mas que tornava o ambiente aquecido como um forno. A estrada, um suplício, na seca, a poeira, na chuva, o barro, os atoleiros. Iniciava-se a viagem pela manhã e chegava-se a viagem pela manhã e chegava-se à tardezinha em Pouso Alto, quando não se pousava numa das localidades intermediárias: Santa Crus (antiga capital do estado de Goiás) e a Vila de Gameleira, praticamente habitada por evangélicos, da Igreja Cristã Evangélica (mais tarde, Cristianópolis).
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