sábado, 13 de outubro de 2007

PAGAR PARA APANHAR...



Escuto o rádio no caminho para o trabalho todas as manhãs. É pouco tempo, dez minutos. Mas dá pra ouvir um pouco as notícias locais. Hoje escutei uma ocorrência policial que para mim, mostra bem o nível do desrespeito entre as pessoas.

Um cidadão pagou a sua passagem de ônibus e ficou esperando na roleta a cobradora lhe devolver vinte centavos de troco. Como ela não falava nada, ele pediu o troco. Ela disse que não tinha. Ele disse que precisava do troco, que era pouco, mas que precisava. Ela se irritou e lhe mandou caminhar, liberar a roleta. Mas ele insistiu que não podia abrir mão dos vinte centavos. A cobradora, mais que irritada, partiu pra cima do freguês, agredindo com tapas e empurrão. Segundo a notícia no rádio, o cidadão não reagiu de imediato, mas gritou para o motorista parar o ônibus, e que ia chamar a polícia. O motorista não parou e a cobradora continuou agredindo o cliente e ainda o ameaçando de morte. O cidadão começou a reagir e a coisa virou briga feia. O motorista seguiu e só parou no ponto final. Eu não entendi quem chamou a polícia, mas ela foi acionada e todos foram para a delegacia prestar depoimento.

Não sei como terminou o imbróglio, porque cheguei ao estacionamento do trabalho e não pude continuar ouvindo. Mas comecei o dia indignado! O que faz a cobradora pensar que ela tem o direito de negar o troco e ainda agredir o cliente? Sim, porque se trata de um serviço que uma empresa de transporte coletivo presta à comunidade, e não é de graça. O usuário do serviço é um cliente! E foi agredido apenas por exercer o seu direito num serviço em que ele está pagando. Na verdade, o respeito precisa existir, seja no serviço público ou no privado, porque somos nós, o povo, que pagamos de todo jeito.

Isso me faz pensar que nossas autoridades, nossos representantes, estão tão desacreditadas por não cumprirem suas promessas, e por se envolverem em tantas maracutaias e saírem ilesos de tudo, como se nada tivesse acontecido, com direito até a dança da pizza (deputada Angela Guadagnin no plenário da câmara em Brasília na absolvição da cassação do deputado João Magno-PT-MG; essa manifestação vergonhosa ficou conhecida como a Dança da Pizza, uma demonstração de escárnio com a opinião pública e certeza de impunidade dos políticos), que de repente, nós aqui, simples mortais, agimos como se as leis existissem para serem quebradas mesmo, ou que nem existem de fato. Afinal, quem tinha que ser exemplo, não o é?!

Brincadeira! Pagar para apanhar! Pagou e ainda levou de troco uma surra.

RV, 10/2007

Nenhum comentário: