domingo, 30 de dezembro de 2007

UMA ORAÇÃO PARA COMEÇAR O ANO


Pai, meu amado paizinho eterno,


Mais um ano acaba sobre minha existência no chão desta terra. E aqui estou para agradecer-Te e para pedir graça, misericórdia e proteção no resto da jornada.


Pai, os dias são maus, e eu não sou bom. Por isto, ó Pai, fortalece meu coração no Teu amor, para que a frieza dos tempos não gele o meu ser, e nem tire de mim o bom ânimo para fazer o que é bom.


Senhor da Terra e dos Céus, nós, humanos, feitos pelo Teu amor, nos afastamos de Ti, a fonte de Águas Vivas, e para nós mesmos cavamos cisternas rotas, das quais bebemos sem saber que nela há a água envenenada pela religião dos homens e por suas morais farisaicas e sem amor.


Cordeiro eterno, a Terra geme, e os dias de Tua ira se avizinham. Tem misericórdia da humanidade, e, por Tua graça eterna, dá-nos a chance de mais uma vez bradar a toda Terra o Evangelho Eterno, para que o mundo possa, quem sabe, pela primeira vez nesta geração, receber o testemunho do Evangelho de Jesus, e não o da Cristandade.


Ó Deus da Vida! Nós estamos acabando com tudo o que criaste. Perdoa-nos e abre nossos olhos, para que o mal que nós mesmos fabricamos não nos apanhe como um laço. Por Tua misericórdia, paizinho, dá mais tempo ao mundo para que se arrependa da destruição de Tuas criaturas.


Pai meu e Deus de minha vida, peço-Te pelos meus amados, pelos que gerei e pelos que me afeiçoei pela gestação de amor no útero de minha alma. Guarda-os sob Tuas asas e dá a todos eles o entendimento de Tua Graça.


Senhor, a Terra foi desviada de seu eixo, os pólos ficaram mais redondos, as geleiras estão se desfazendo, um grande iceberg maior que o estado de Santa Catarina viaja pelos mares ameaçando mexer com todo o sistema de nosso clima. Pai, eu sei que foram as nossas maquinas movidas a petróleo que fizeram isto; e sei que é o nosso modo de vida o que está nos matando; pois, como ensinaste, nossa vida é morte. Senhor, adia os dias da calamidade.


Peço pelos meus filhos e netos, rogo pelas futuras gerações, os filhos do apocalipse. Sim, peço-Te que ponhas sobre eles a marca do Cordeiro, para que não sejam confundidos nos tempos futuros, quando a marca que os homens carregarão será a do domínio "daquele" que não se põe sobre o Teu senhorio.


Pai, ergue da passividade milhares de Teus filhos, os quais, pelo cansaço, desistiram do bem, ou não crêem mais que ele possa ter seu lugar neste mundo de perversidades e egoísmo. Sim, ordena; e Teus filhos se porão de pé; à semelhança dos ossos que se tornaram um grande exército, conforme Teu profeta Ezequiel.


Oro por aqueles que ensinam aqueles que desejam crer em Ti. Ó Pai, abre-lhes os olhos, para que não mais falsifiquem a Tua Palavra em razão de ganhos e poderes. Salva-os das ambições e das ganâncias da morte e do inferno. Não deixa que com a boca cheia de Teu nome, enganada ou deliberadamente, usem Teu nome como capital de manipulação e controle de almas. Dá a cada um deles ainda a chance de se converterem à sinceridade do Evangelho eterno e simples de Jesus.


Faz cair sobre a Terra um sonho. Abre as comportas do Inconsciente Coletivo e faz toda gente sonhar, conforme a promessa feita mediante Joel. Sim, derrama Teu Espírito sobre toda carne, nesses dias de fogo, sangue, enxofre, fumaça e caos. Sim, antes que o sol escureça e as noites se pintem de sangue decorando até a lua com o encarnado das desgraças, mostra-nos o Teu favor.


Sim, Pai! Ouso pedir que dês um sonho a toda humanidade. Que teus anjos visitem os humanos, todos nós, com sonhos, conforme fizeste com os Josés, o do Egito e o pai de Jesus. Sim, um sonho, como aquele que parou a maldade de Nabucodonozor.


Pai, sem que Teu Espírito se derrame e dê a todos os homens espírito de arrependimento, nossos dias estão contados. Por Tua Graça, alonga esses dias de esperança, para que muitos creiam, e para que nossos filhos ainda tenham ar no ar, para respirar; água nos rios para beber; frutas não contaminadas nos campos para comer; e esperança no peito para viver.


Peço que Tu abençoes a todo aquele que pensar mais na vida do que nos seus próprios planos. Dá que se cumpra a Palavra de Tua promessa, de que enquanto cuidarmos do próximo, Tu cuidarás de nós.


Derruba de seus tronos os tiranos e dá-nos ainda um tempo de refrigério!


E que o espírito de engano e mentira que está na boca dos falsos profetas e falsos apóstolos, seja envergonhado, e que suas falsas promessas não se tornem à droga que tira a sensibilidade de Teu povo para o Evangelho, conforme hoje se vê.


Levanta meninos e crianças; e planta em suas boquinhas as Tuas simples e eternas palavras!


Que os tímidos tomem coragem. Que os cansados se animem e se ergam. Que os que ainda amam, não se cansem de amar. E que os que aguardam o bem não sejam comidos pelo cinismo.


Que se faça ouvir por toda a Terra o grito profético de Teus mensageiros!


Abre novas portas à Tua palavra, e, com Teu poder, concede-nos a unção que acompanhará o testemunho do Evangelho com sinais, prodígios e maravilhas da verdade, e não do engano, conforme hoje se vê.


Peço que tenhas misericórdia de minha vida e que me livres do mal, pois, são muitos os males que tentam me acometer, assim como são muitos os que hoje desejam minha morte, minha desgraça e meu silêncio. Não deixa que se satisfaçam vendo-me abatido por qualquer coisa. Tu és minha força e meu amor. Cuida de minha alma, pois em Ti eu confio.


Nele, em Quem todas as orações são respondidas,


Caio, Teu filho, e também em favor de muitos irmãos!

domingo, 16 de dezembro de 2007

METRO-ESPIRITUALIDADE



Hoje acordei taciturno.

Por seu turno, isso me fez acordar.

Acordar pra realidade de plástico, ou melhor, de silicone, que nossa sociedade insiste em viver.

Quase cantei Taiguara:

“eu desisto, não existe essa manhã que eu perseguia...um lugar que me dê trégua ou me sorria...uma gente que não viva só pra si...”

Fico triste com a mesquinhez de espírito. Com a pobreza no trato, com a falta de auto-percepção das pessoas.

Se cada um se julgasse pelo tribunal de sua própria consciência, no mínimo os acórdãos sempre seriam “carência de” humildade”, “obrigação de fazer” mais, etc. Mas...

Se enxergássemos um palmo à frente do próprio nariz, veríamos tanto! Todo um universo se descortinaria, mostrando algo a mais que nosso umbigo.

Mas, não...há sempre uma obstrução de pauta em relação aos assuntos que confrontam nossos defeitos. Sempre há um adiamento sine die das demandas cujas partes somos apenas nós mesmos.

Ninguém tem urgência em se modificar. Ninguém tem pressa em amadurecer. Ou mesmo interesse.

É uma pena que certas verdades tenham de demorar tanto para serem reconhecidas. Não há rito sumário pra desboçalização.

Cada qual com sua percepção obtusa do universo, “procurando repartir seu mundo errado”, abstendo-se de tentar olhar as coisas sob a perspectiva da eternidade.

Todo mundo com seu desfile de corpos, de posses, de cargos e de máscaras. Um baile onde estou sem ser convidado. E não pedi pra vir.

Então, será que o que nos cabe é apenas engolir nosso grito de insatisfação, aceitar nossa inexpressividade, expressar nossa resmunga e resignar-nos na nossa irresignação?

Acredito que não... Pelo menos hoje estou tentando semear.

A TV que exibe a alma das pessoas está em preto e branco. Não temos mais utopias saudáveis, ou fantasias lúdicas.

Somos uma massa disforme caminhando e cantando e seguindo a canção, miseravelmente feitos iguais pela idiotice de nossa superficialidade e invariavelmente sem braços dados. Perdemos a esperança. Perdemos a fé. Perdemos o afeto. Perdemos a nós mesmos, na plenitude da singularidade que pode nos tornar mais que apenas um só.

Nascemos pra testemunhar de Deus. Sim, testemunhar para nós mesmos e para outros.

Mas isso passa tão longe da nossa realidade... Parece...conversa-pra-boi-dormir!

Hoje eu consigo discernir a figura do homem "metro-espiritual". Sim, nos padrões de classificação de comportamento que a mídia atual nos ensina, eis que surge um novo modelo de espiritualidade. É a espiritualidade-vaidade, modelo século 2.0 / 2.1.

Esse tipo de atitude é encontrado na pessoa que tem na espiritualidade apenas mais um hobby.

A prática da espiritualidade serve apenas para alcançar o equilíbrio da alma e do corpo.

É como se Deus fosse uma extensão da academia, ou da Yoga, ou da massagem...

O homem de hoje tenta ser espiritual para si mesmo. É a religião do deus-interior. Uma espécie de budismo, só que sem a resignação.

Procura-se a absolvição de si mesmo, a libertação de todas as culpas, não através da redenção da Cruz, mas através da soltura das amarras dos próprios limites.

A meta maior é viver livre das culpas, dos “tijolos inúteis que carregamos”, como diria Al Paccino.

Sabe...um pouco de culpa pode fazer muito bem, sim senhor. Significa que ainda temos consciência. A doença está em como se trata com a ela.

A culpa deve apontar o erro e levar ao arrependimento/mudança de atitude. Tão-somente isso.

Mas não. Consciência não está na moda.

Aliás...a moda é o que há! Triste constatação que tive no Natal passado, ao ler num banner do Píer 21 que “fraternidade está na moda...doe “não-sei-o-quê”.

Hoje a piedade se confunde com o politicamente correto,

A misericórdia só existe como um complemento das virtudes que se tenta obter,

O amor ao próximo desapareceu. O próximo desapareceu!

A verdadeira compaixão, com paixão, sumiu.

Os andrajosos passam por nosso caminho e nos abstemos de ajudá-los, sob o pretexto de que "nenhum bem efetivo pode advir de uma ajuda conjuntural", parafraseando Abraham Lincoln da pior maneira possível.

Os mendigos são problema da estrutura, ora bolas!

Os pedintes são um incômodo que preferimos não ver. Que fingimos não ter.

Mas a metro-espiritualidade, a espiritualidade do conveniente está lá...

Como sepulcros caiados, freqüentamos nossa igrejas, nossas terapias de grupo e nossos analistas.

Mas o objetivo é a auto-absolvição. É a fixação na “descastração” dos conteúdos inconscientes. É Freud na pior representação.

É a psicanálise a serviço do inferno.

A desgraça existe, mas sempre está longe demais para ser sentida! Afinal, o 11 de setembro foi a uns nove mil quilômetros daqui.

O único bem que se quer fazer é aquele que fica bem na foto ou aquele que nos permite viver sempre “de bem” conosco mesmos, e assim nos estabelecermos sadicamente por sobre nossos pares.

A “cura” é tornar-se um rolo-compressor tão cheio de ética quanto de vazio. É o egoísmo em forma de auto-ajuda.

Até que o vento frio da desdita nos desminta.

Até que a noite escura desça como um véu sobre nosso céu,

Até que o diabo mostre a cara, a desgraça bata à porta.

E a doença nos coloque num cativeiro disciplinar.

Até que as finanças entrem em colapso e um abismo se abra sob nossos pés.

Até que uma bolhinha de ar entre despretensiosamente nos capilares de nosso cérebro.

Até que um ente querido faça a passagem

E um nó se ate tão forte em nossa mente que as forças se dissipem, e o simples levantar da cama seja o maior dos sacrifícios!

Nesse dia, viver "um dia após o outro" finalmente encontra seu significado em nossa existência.

Nessa hora “o valor das pequenas coisas” deixará de ser um chavão piegas Nesse minuto se reconhecerá a dádiva do “sol quente sobre nosso rosto.”

Nesse tempo, a metro-espiritualidade não nos bastará.

Nesse segundo, quando nossa mente nos engana, quando a psique nos prega peças, quando a depressão procura nos engolir...

Nesse momento, é a hora do grito de socorro, é a hora do absurdo, é a hora do improvável, é a hora da ajuda-sem-nome.

É a hora do Nome sobre todo nome.

É a hora de Deus.

Sim...aí nos lembramos dEle.

E se não formos mais burros que já temos sido, podemos perceber Sua mão nos apascentando, através do caminho, dos descaminhos, das pessoas, da vida.

Já dizia o sábio: "lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade".

Então, que um eco dessa sabedoria no ocaso de Salomão brinde nossos dias jovens...

Que Deus nos encurrale para que ele mesmo possa operar o bem em nós, no mais profundo sentido da palavra “bem”.

Que meu grito de hoje sirva para incomodar...

Que ateie fogo, muito mais que apague incêndios;

Enfim, que esse texto sirva, preventivamente, para sua reflexão.

Na esperança e na fé de ter sido compreendido ou, quem sabe, ter ajudado...apenas mais um que seja.

André Barcellos.
15/02/2007

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

O DIFÍCIL RETORNO AO ESSENCIAL


“Voltar ao primeiro amor” é o mesmo que dizer volta à “Videira Verdadeira”, retorna à seiva da Vida, volve ao lar e à intimidade do Pai, busca e fica no que um dia já foi “a melhor parte” para você.

O “primeiro amor” aniquila qualquer que seja a outra forma de amar. Quando Jesus falou isto, no Apocalipse, o que Ele via era a Igreja em Laudiceia amando a ortodoxia, a doutrina certa, e o compromisso com o que é correto.

Tudo muito bom, mas tudo muito morto!

Sim! Lindo para a religião dos fiéis contra os infiéis, mas totalmente nulo ante Aquele que não nos chamou para amar doutrinas, mas sim a Ele, e isso numa relação pessoal, ou mesmo numa relação de natureza conjugal, conforme Deus com Israel e Cristo com a Igreja. Ou seja: uma relação de amor que me põe casado com Deus em amor e verdade.

Quem perdeu o primeiro amor perdeu a paixão da fé, o surto de carinho quebrantado por Jesus, e tornou-se acostumado ao Sublime, sofrendo de cinismo sensorial, intelectual, psicológico e espiritual.

Sabe muito. Às vezes pensa que até sabe tudo. Mas doutrina não é Deus e Deus não é doutrina. Deus é amor, e o justo vive pela fé, e a fé tem que ser surto de confiança em Deus, por amor. Assim, o que é a doutrina quando o que a faz valer é a verdade do vinculo de amor por Deus?

Quando Jesus falou do “ramo” que pensa que pode existir e viver fora da Videira Verdadeira, Ele falou da presunção humana, em geral provocada pelas seguranças que a religião, a moral, a ética e filosofia, muitas vezes, supostamente concedem ao tolo que não sabe que qualquer dessas coisas não vale para Deus mais que um bolo de dejeto de vaca no curral. Aliás, qualquer dejeto vale mais para Deus do que esse “bolo” que procede da presunção da autonomia humana em relação ao amor ao Senhor e aos Seus filhos.

Ora, se Paulo disse que “sem amor nada aproveitará”, ele quis dizer exatamente o que disse. Sim, pois nada será em significado para Deus se não existir pelo amor, posto que como Deus é amor, só é de Sua essência aquilo e aquele que é em amor.

As demais coisas existem. Mas somente o que é em amor é de fato para Deus!

O amor é a única matéria que existe em qualquer construção para a eternidade!

O “ultimo amor”, segundo Jesus no Apocalipse, é feito de obras, de feitos, de atividades, de performances justas e sérias, de ortodoxia, de respeitabilidade que zela por si mesma como imagem coerente, e que diz que tudo isto é assim porque a pessoa ou a instituição representam Jesus no mundo.

É mais cômodo falar de amor do que amar, criar entidades que sirvam à comunidade do que amar a uma pessoa; é mais fácil criar o que for como obra de bondade do que ser bom e simples, sem observadores e sem testemunho a dar, mas apenas por que o amor é o fruto natural da Árvore de Vida da qual se é somente um ramo.

É mais fácil cozinhar para Jesus e limpar a casa para Ele, do que ficar quieta aos pés Dele, deixando a verdade revelar o próprio coração. Marta fugia da grande entrega. Maria descobrira que o mundo acabara depois de ela ter Visto Jesus.

Mas crer como se crê no início [como uma criança] é coisa que a nossa “maturidade” repudia. Afinal, para que descobrir, aprender sempre, sorrir de tudo o que é belo e novo, deixar-se surpreender, e entregar a vida às decisões invisíveis do Amor? Sim! Para que confiar na fidelidade invisível do amor de Deus? E por que dar valor absoluto àquilo que o mundo nem admite que seja verdade ou realidade?

É por tudo isto que é muito difícil voltar ao primeiro amor. Sim! Depois de tanta história e experiência? Depois de tanta realidade? Depois de tanto estrada fora do caminho sobremodo excelente? Sim! A gente fica cínico e curtido! A gente fica “casca grossa”, como de diz na linguagem do jiu-jítsu. Pois para cada fato novo tem-se uma história nossa. Para cada milagre a gente tem dezenas para contar. Para cada ação de Deus existem as Dele para conosco, as quais compõem o nosso livro de Atos Pessoais.

E pior: dependendo da pessoa o que nela se instala é descrença mesmo, e, assim, mantém-se na Estrada, porém fora do Caminho, aparte da Videira, fabricando amor para ela mesma nos outros, mas longe do primeiro amor em Deus.

Assim, nenhuma conversão é mais difícil do que aquela que nos leva do último amor feito de obras, ao primeiro amor feito de amor, de amor que dá fruto sem ter que fazer nada, assim como as mangueiras aqui de casa se derrama em mangas às centenas sem que isto lhes seja um esforço ou mesmo uma tarefa. Elas não se gloriam das mangas que dão.

Elas mangam porque são mangueiras. Mangar significa fazer pouco. Dizer que elas mangam é dizer que elas fazem pouco. Assim, as mangueiras mangam das obras que não são simplesmente a vagabundagem da natureza que dá o que dá apenas porque é o que é e como é.

Não caia no engano de pensar que porque você criou uma fábrica de obras isso significa que você está dando fruto para Deus.

Em Deus somente o amor dá fruto, e sem amor nada é além de obra. Obra que outros aproveitarão, mas que para você de nada aproveitarão. Jamais!

O que escrevi já basta por hoje!

Pense e ore. E o que aqui está levará você da Estrada para o Caminho sobremodo excelente.


Nele, que é amor e que só ama com amor e que só chama de verdade o que é feito de e com amor,


Caio

sábado, 17 de novembro de 2007

O CAMINHO DA GRAÇA NO HOSPITAL



Gerilson é um amazonense esguio como um índio raro; fino, discreto, voz mansa, suave, olhar meigo, atitude cavalheira, olhos escuramente iluminados, boca larga, testa forte, pele delicada, e uma paciência eficiente. Ele tem 28 anos e é o enfermeiro particular diurno de papai. Pelo nome dele dá para concluir que os pais são locais, de origem humilde, ambiente no qual é comum fazer do nome dos filhos uma combinação dos nomes dos pais. Assim, a Gerinalda e Gilson casaram e tiveram o Gerilson, por exemplo.

Aqui no Amazonas, fazer assim entre a população mais simples e nativa é mais comum que Maria.

Entretanto, ele mesmo me disse que nasceu numa família pobre. Muito pobre. E que não facultava a ele a possibilidade do estudo. Mas que ele trabalhou desde menino e se manteve estudando sempre.

Perguntei como ele acabara se envolvendo e se apaixonando por enfermagem [pois ele é pura paixão pelo que é e faz].

“Acho que já nasci enfermeiro, seu Caio!” - disse rindo como um iluminado diz da revelação que recebeu de graça, como dom.

“Como?” - quis saber; embora de algum modo meu coração soubesse que eu ouviria uma perola de confissão humana.

“Quando eu era menino, desde pequeno mesmo, eu saía pela rua catando bichinho doente. Esses que ninguém quer… Levava pra casa, limpava, tratava, curava, e soltava bom. Era gato, cachorro, passarinho, tudo. E eu dizia: O que quero é ver gente ficar curada. Mas eu não tinha como fazer os estudos. Então virei pintor. Pintava casas de 7 da manhã às 19 horas todos os dias. Pintei muita casa, seu Caio. Aí fui pintar numa firma. Trabalhei muito e me fizeram gerente. Quando eu virei gerente só trabalhava horário normal. Aí, eu disse: É a minha chance. E fiz o técnico de enfermagem. Mas já no primeiro ano me chamaram para atender assim, particular; e os enfermeiros que me chamavam eram os melhores. Então aprendi muito. Hoje já estou no 3º ano da faculdade de enfermagem. Sou muito feliz, seu Caio. Era tudo o que eu queria.”

“E se você pudesse…, você faria medicina?” - indaguei só pra ver uma coisa…

“Quem, eu? Ah! Não, seu Caio. Bom mesmo é ser enfermeiro. A gente cuida da pessoa do começo ao fim, todo dia; e quando perde, a gente sofre; mas quando ganha…; olha só: eu faço amigos pra sempre… Bom mesmo é ser enfermeiro. Médico é bom, mas pra quem gosta né? Eu gosto mesmo é de cuidar”.

Fiquei olhando pra ele emocionado, e lembrando tanta coisa.

Por exemplo:

De gente que está sempre dizendo que não faz nada porque ninguém manda, convida ou dá oportunidade; de gente que escolhe na vida por status e por comparação, e nunca por amor, paixão, ideal, fé; de gente que diz que deseja ser pastor de gente, e que assim se diz, e que não tem um pingo do carinho, do cuidado, da atenção e da vontade de se envolver que o Gerilson tem; de como ele está virando turnos e turnos, não pelo dinheiro, mas pela paixão que papai provocou nele, e nós todos uns nos outros, a ponto de ele ligar fora do plantão para a UTI para saber de mau pai, ou ligar para o médico ou para mim; assim, do nada, só pra dizer que está junto e que ele é forte.

E mais, lembrei de como a Graça na Ordem de Melquizedeque nos faz deparar com os crentes mais belos da terra; de como os irmãos se acham pelo olhar e não pelo credo, embora a fé do Gerilson seja aquela do Centurião Romano dos evangelhos; de como ele e o parceiro-chefe dele, o Hilton, são amigos; e muito mais leais e colegas do que 99% dos pastores jamais conseguem ser uns dos outros; de como ele e os demais, conosco, formamos uma igreja de harmonia e amor, todos sentindo a mesma coisa, tendo o mesmo sentimento uns para com os outros, e todos em sincronia e sinfonia na oração de amor por papai;

De como a moça que casar com aquele rapaz-homem terá tudo para ser muito feliz; exceto se competir com o dom dele; e de como a vida é surpreendente, pois, eu jamais esperaria que o amor de Deus nos provesse com tanta gente boa de Deus tão de repente, tão do nada que é Tudo -Todo Dele. Sim, fazendo provisão de gente como o Gerilson, o Hilton, o Dr. Marcel, o Dr. Javier, o Dr. Gama, o enfermeiro Daniel, a Dra. Nalia, o Dr. Risonildo, a Dra. Lélia, e o Dr. Antônio Farias; ou os santinhos de esperança e amizade como o Olavo, orando à porta; o Deusdete que sente como se papai fosse de fato o pai dele; a Iara servindo como as mulheres que serviam a Jesus com seus bens e com amor; a Ângela pronta para tudo…; o Gildo que é da casa e é irmão; o Ray que é como um filho; e os parentes, os amigos, os que telefonam o dia todo, os que escrevem às centenas, os que vão doar sangue, os que se oferecem para tudo; enfim, tudo isso; e toda essa Graça!

Mas tudo isto me foi agora provocado pela lembrança do Gerilson. E também do Hilton, que está lá agora; e que já não dorme em casa há mais de 15 dias; e que me disse que só voltará a dormir em casa depois que meu pai, tendo voltado para casa, aqui em casa já não necessite mais dele - e que acabou de me telefonar dizendo que “o velhinho guerreiro está coradinho, todo sequinho, de banho tomado, perfumado, com a barba feita, os curativos atados, e todos os parâmetros clínicos mais que estáveis, e, por isso, disse ele: “Seu Caio, durma. Amanhã cedo eu ligo pra dizer como a noite foi boa, ta?”

Que essas parábolas da vida digam alguma coisa a você, assim como a mim elas têm dito demais.

Nele, que usa a quem quer e como quer - mas sempre pelo amor,

Caio

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

QUERIDA MAMÃE...


RV, 09 de maio de 2004


Querida mamãe,

Neste domingo especial, consagrado para homenagear as mães, desejo que a senhora tenha um dia muito feliz e que sinta todo amor e carinho que sinto pela senhora. Eu gostaria muito, muito mesmo, poder estar ai pra falar pessoalmente o que tentarei expressar, embora, eu creia que as palavras não são suficientes para expressar todo meu amor, carinho e gratidão por tudo que a senhora é para mim, e gratidão também a Deus por Ele ter me dado o privilégio e a alegria de ter a senhora como mãe.

Sou muito feliz por ser sua filha, e de ter recebido tanta atenção, tantos cuidados e principalmente por ter me ensinado o caminho do Senhor. Você soube me ensinar o essencial da vida, que é a verdade de Deus que nos conduz à vida eterna. Você soube incutir em mim princípios nobres e divinos, os quais carregarei por toda a minha vida. Tudo isso com muita sabedoria, pois, buscaste a sabedoria do Eterno Deus e Pai.

Sabe mãe, não é o dinheiro, mas o amor é que faz toda a diferença, e eu te amo muito, apesar de às vezes ter-lhe feito chorar, ter-lhe aborrecido. Mas com todas as minhas falhas e limitações, creia, eu te amo! E quero aproveitar pra te pedir perdão pelas tristezas e lágrimas que lhe causei, creia que nunca o fiz de propósito. Se fosse possível voltar no tempo e consertar os meus erros... Mas sei que, não só não é possível, como também não adiantaria, pois, não sou perfeita, mas, mesmo assim, te amo e te admiro muito.

Saiba que é para mim um exemplo de uma serva do Senhor. E creia, todo o trabalho que sempre teve com todos nós, seus filhos, no Senhor, não será em vão, pois Ele mesmo te recompensará. Por isso, nenhuma palavra, nenhum presente, nenhum dinheiro, podem pagar todo o seu amor, carinho, cuidado e até muitas vezes, sacrifício. E assim, rogo ao Deus Eterno que te cubra com toda sorte de bênçãos e provisões, e te faça sempre andar na fé e se gloriar na graça, pois tudo o mais já está feito em seu favor.

Receba mamãe querida, o meu abraço carinhoso, o meu beijo afetuoso e a minha gratidão por tudo que és para mim.

Com muita saudade, sua filha que te ama muito, e que gostaria demais de ter o privilégio que todos os meus irmãos têm de estarem com a senhora, não só neste dia das mães, mas todos os dias do ano, e poder aproveitar cada momento ao seu lado da melhor maneira possível.

Deus te guarde pelo seu poder e amor.

Beijos... Tell

(Carta enviada para minha mãe em maio de 2004 por ocasião do dia das mães. Hoje, mamãe está gozando as maravilhas prometidas por Jesus lá no céu. Que saudade!)

Por Tell Brochado Palazzo
RV, 05/2004

MINHA, NOSSA MISSÃO...

Em João 15. 16 nós lemos... “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis frutos...”

Portanto, é o Senhor quem nos escolhe, nos separa e nos transporta do império das trevas para a sua maravilhosa luz. Temos assim o privilégio de livre acesso ao coração do Pai por meio de Jesus Cristo, mas também temos uma tarefa, uma missão, “a responsabilidade de darmos frutos”, ou seja, de proclamarmos as virtudes de Jesus, de anunciarmos a Jesus.

Fundamentalmente a nossa missão, a missão da igreja é anunciar a Jesus, e não se calar. De maneira objetiva, missão é falar de Jesus às pessoas. Muitos se justificam dizendo que não sabem falar, não sabem como fazer... Mas na verdade, não há com o que se preocupar com métodos e sim, nos preocupar com a vida que devemos viver.

Uma vez ouvi de um pregador que houve época que alguns tinham vergonha de dizer que eram crentes, mas que hoje a realidade é outra. A igreja é que se envergonha em dizer que fulano ou siclano é um crente. Isto de certa forma, porque nós como crentes perdemos o nosso objetivo primordial. Temos deixado de obedecer ao IDE de Jesus.

Precisamos como igreja (corpo de Cristo), mudar esse quadro, precisamos influenciar fazer diferença, precisamos urgentemente dizer sim para o Senhor e nos colocar à Sua disposição como Isaías o fez: “eis-me aqui, envia-me a mim”. Precisamos clamar ao Pai para que Ele abra e sensibilize o nosso coração de maneira que não haja mais “agentes secretos” em nosso meio, e que sintamos paixão pelas almas e nos deixemos ser usados como vasos de bênçãos nas mãos do Senhor. Que falemos e anunciemos nosso Senhor e salvador Jesus Cristo, mas que possamos também viver Jesus e deixar que Ele de fato viva em nós.

Que vivamos de maneira tal, que levemos outros a conhecer a Jesus, a verdade que liberta e salva. Jesus foi o primeiro missionário, e a Bíblia diz que devemos imitá-lo, que “devemos andar como Ele andou” – I João 2. 6; e assim cumprir a nossa missão, a nossa responsabilidade de embaixadores de Cristo.

por Tell Brochado Palazzo
RV, 10/2005

VOLUNTÁRIAS DE CAPELANIA COM MUITO AMOR


“Não que por nós mesmos sejamos capazes de pensar alguma cousa, como que se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus”. II Co 3. 5.


Cremos que Deus não chama capacitados, mas que capacita os que chamam, pois quando chama ou escolhe alguém, Ele faz tudo que determina em seu coração, fortalece os seus braços, sustenta e renova as suas forças. E assim o Senhor tem confirmado o Seu chamado a cada uma de nós. Tem nos revigorado e animado o nosso coração, principalmente quando vemos que Ele tem usado as nossas vidas pra levar vida às pessoas.

Deus tem colocado em nosso coração, paixão pelas almas, desejo ardente de testificar a manifestação do Seu poder e amor, para transformar, alcançar vidas e conceder a elas salvação em Cristo Jesus. Sim, temos testemunhado milagres de conversão em alguns pacientes, e até mesmo de seus acompanhantes.

Isto é muito gratificante para nós. Porque nos fortalece e nos encoraja ainda mais a continuar esse ministério, que Ele mesmo tem confirmado em nosso coração. Bendizemos ao Deus Eterno por nos capacitar e nos usar em sua obra. Nosso coração se alegra sobre maneira por essa oportunidade. Sentimos-nos privilegiadas por sermos instrumentos do Seu amor, graça e misericórdia.

Nós voluntárias, desejamos que pelo sangue de Jesus que nos garante a vitória, que jamais venhamos a nos desanimar ou a fraquejar, pelo contrário, sejamos firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, nosso trabalho não é vão. (I Co 15. 58).

Por Tell Brochado Palazzo
RV, 11/2004

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

VENDO MAS NÃO ENTREGO!


Há alguns anos plantei grama no quintal de casa. Ficou tudo verdinho. Como eu queria mesmo. Porém, no canto perto do muro cresceu também um ninho de cupim. Como cresceu rápido! Em pouco tempo já tinha seus 50 cm de altura. Nosso jardineiro de plantão resolveu acabar com o cupim e deu nele com a enxada. Nosso jardineiro é um senhor com mais de 80 anos de idade, mas se não contar, ninguém diz que tem tudo isso. Dá show em muitos rapazolas desavisados por aí. Destruiu tudo. Pensei! Mas a coisa é teimosa, e logo foi refazendo o ninho.

Um dia recebi alguns parentes da minha mulher em casa, e sua irmã mais velha, também é teimosa, obstinada mesmo quando quer alguma coisa, resolveu acabar com o cupinzeiro. Levou um dia inteiro, mas tirou o bicho inteiro. Igual quando ele tira bicho-de-pé da gurizada. No lugar do cupim ficou um buracão. Fiquei com receio dos nojentinhos voltarem e taquei óleo diesel queimado no buraco e mandei terra em cima. Não sei se foi exatamente pelo óleo queimado, mas ali a grama nunca mais cresceu. De nada adiantou jogar adubo, esterco de vaca, mexer e remexer a terra. A grama ia até na beirinha do terrão, mas não passava dali. E assim foi ficando, pois na verdade, fomos acostumando com a “paisagem” e depois de um tempo, nem incomodava mais mesmo.
Mas o tempo passou, e fiquei velho de repente. Com 42 virei avó de dois gurizinhos lindos e marotos. Eles ficam sob os cuidados da avó para que suas mães possam trabalhar tranquilamente. E logo que começaram a andar descobriram a “santa” terrinha. A partir daí foi só reclamação da patroa-avó: “mais que coisa... acabei de arrumar a casa e esses “mininus” sujaram tudo com essa porcaria de terra... ô meu Deus quando é que esses homens dessa casa vão dar jeito nisso?” (ela se referia a mim, meus genros e, acho, que a meu filho).


Depois de mais ou menos um ano ouvindo essa “ladainha”... Ops! Quer dizer, queixa justa... Resolvi acabar com aquele aborrecimento de vez. Aborrecimento pra minha querida esposinha (e pra mim). Resolvi cimentar aquele pedaço de quintal já que não há nada que faça crescer grama boa em cima.

Liguei pra uma loja de materiais de construção e pedi três latas de areia grossa, uma de brita número zero e um saco de cimento. Isso numa quinta-feira porque no sábado meu amigo pedreiro ia ajeitar tudo de manhã. O vendedor disse que se tivesse uma carga pra redondeza onde ficava minha casa, ele mandaria o material. Achei estranha a resposta, mas resolvi aguardar. Na sexta-feira por volta das duas horas da tarde, liguei pra loja e perguntei quando iam levar o material. O vendedor disse que não tinha mandado porque não apareceu nenhuma carga maior pra aquelas bandas (aquelas bandas é onde ficava a minha casa). Aí pensei, “isso quer dizer que não vão levar o material. Agradeci, disse que compreendia, e cancelei o pedido.

Liguei pra outra loja mais próxima de casa e a vendedora me disse: “senhor, se tivesse me ligado mais cedo, teria espaço na carga que despachei pro setor da sua casa”. Perguntei: “então você não pode me vender a mercadoria?” Respondeu: “vendo sim, claro que vendo, só não posso entregar!”

Bem, diante disso, só me restou pôr meu carro véio em ação. Eu mesmo transportei o material pra casa. Não podia deixar o amigo pedreiro na mão. Ele tinha adiado outro serviço só pra me atender naquele sábado. Pedi pra ensacarem o material e carreguei tudo no porta-malas. Pelo menos isso eles fazem!

Fiquei pensando... Essa “filosofia” das casas de materiais de construção, no mínimo é muito burra... Visão curta de negócio! Esses empresários estão vendo só o presente, só o lucro do momento. Não entregam mercadoria de baixo valor ou de pouco volume porque não vale o lucro de ter que deslocar um transporte pra entrega. Não pensam que atender a uma necessidade pequena do cliente hoje, pode lhes retornar um grande negócio no futuro. Sim, porque amanhã, eu posso resolver fazer uma grande reforma na minha casa (e tá precisando mesmo!), posso construir outra casa, meus três filhos podem construir suas casas, posso indicar para meus amigos, para os mais de trezentos colegas de trabalho, posso até fazer propaganda de graça para aquela loja que sei que é comprometida com a satisfação do cliente, também, ou seja, que não visa só lucro etc...

Não sei se acontece contigo, mas dependendo da circunstância, às vezes estou disposto a pagar até mais caro, quando sei que serei bem atendido, respeitado como consumidor e cidadão... Princípio de qualidade cada vez mais raro no comércio em geral, apesar dos ISOs, PQFs, PQTs etc.

Meu sobrinho trabalha num supermercado de bairro aqui na minha cidade, e ele conta que o seu patrão manda entregar até um sabonete, e ainda prenuncia: “agora é só um sabonete, amanhã será um ou mais carrinhos de compras lotados”. Entendeu? Com essa política ele está fidelizando o seu cliente, porque seu cliente sabe que pode contar com ele em suas necessidades “extraordinárias”.

Reflita e veja se também não se aplica: “Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e quem é injusto no pouco também é injusto no muito.” Lucas 16. 10

Agora está tudo bem! Tudo cimentado, sem terra pra sujar os moleques, sem moleques sujos pra sujar a casa limpa da vó, sem vó brava com moleques e com o avô... Agora é só môzinho pra cá, môzinho pra cá... Tá vendo?! Só o amor constrói!


por David Palazzo.
RV, 11/2007.



sábado, 10 de novembro de 2007

TUDO TEM O SEU TEMPO DETERMINADO

"Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu." ( Livro de Eclesiastes 3.1)

Conheço muitas pessoas que trazem consigo uma fé amadurecida. Homens e mulheres que ao longo da vida foram aprendendo que a Palavra de Deus é companheira permanente nas diversas situações do ser. Gente que conta com a presença do Senhor desde o nascimento até a morte, buscando abrigo nas etapas apropriadas de uma longa jornada chamada existência. Ao olhar para o passado, não faltam testemunhos grandiosos destes seres com nome e identidade: Ana, Sara, Isaque, Débora, Ester, Jó, Oséias, Marta, Maria, Priscila, Barnabé e tantos outros.

Para o autor de Eclesiastes todos os tempos têm propósitos, razões e causas. Deus desconhece os acasos. Movimentos, decisões, escolhas, inícios e fins fazem parte de uma proposta eterna de difícil compreensão e, não poucas vezes, de aceitação. Vemos pouco. Somos parte. Há ausências. Incompletude humana. E é bom que seja assim, pois Nele residem mistérios e caminhos diferentes, com intenções maiores que nossa compreensão. Trajetórias divinas.

A vida é cíclica. Não há como negar. As estações mudam. As pessoas são transformadas. Os ambientes são outros.Verão e inverno. Chuva e sol. Dia e noite. Cansaço e ânimo. Medo e coragem. Aquilo que foi, não é mais. Tudo tão passageiro. Como diz São Tiago, somos como névoa que logo se dissipa. Muitos se foram. Outros estão chegando. Abundância, falta, pobreza, riqueza, doença, saúde, tristeza, alegria, presença, distância, compreensão, paz e guerra, são passagens que favorecem o aprendizado e a certeza de que somos caminhantes. Não ficaremos. Outras trilhas nos esperam na eternidade.

Finalmente, dentro destas perspectivas, a palavra renovação surge quase que (sobre)naturalmente. Se Deus tem propósitos nesta vida que se alterna, somos convidados por Ele a lançar novos olhares que nos permitam ver que a vida se renova. A chegada de um filho, a flor que brota, a viagem que acontece, o trabalho que surge e sustenta, o amigo que se revela...

Assim, choro e sorriso se encontram; saudade e acolhida se unem; despedida e festa se completam. Facetas distintas de uma única vida concebida por Deus que nos fez assim, passageiros e eternos.

Rev. Sérgio Andrade

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Tell...querida minha...





a sua falta me debilita...é como se tivessem arrancado um membro do meu corpo e o abandonassem combalido... me é impossível viver longe da sua vívida presença... mesmo que por um curto lapso...

te amo intensamente...
te quero intensamente...
te desejo intensamente...
você é intensa...

queria nunca permitir-me sua ausência... mas te amo tanto... não poderia lhe furtar o desfrutar da sua santa mãezinha... não poderia deixar que meu egoísmo lhe causasse mágoas... e essas lhe ofuscassem o brilho do seu rostinho meigo... pois te amo... me faz feliz... me completa... me faz melhor.

Ainda me lembro... foram cinco meses relutando... deitado na minha cama... não queria ceder aos seus encantos... lhe julgava ser inatingível... mas tudo estava destinado... e com tímido aperto de mão incomum àquele momento... no coração do Brasil... selamos nossa união eterna... forças contrárias manifestaram-se... mas não puderam desfazer o que Deus nos tinha reservado... terminando por se renderem... e vivenciarem por todos estes anos nosso amor inabalável... sim... inabalável... pois intentos malogrados... nem passagens fortuitas... nunca nos prevaleceram... apenas ratificaram o nosso apego.

Não me é necessário a distância que as circunstâncias nos impõe para reconhecer meus sentimentos por você... mas com certeza ela é responsável por fazer aflorá-los no meu peito... como a uma caixa d`água cheia que abrindo a torneira lhe dá vazão... esvaziando... esvaziando... assim também me sinto... sua constante presença me mantém pleno... mas a sua ausência me esgota... necessito... então... exprimir-lhe meus sentimentos latentes... tentando permanecer pleno... vã tentativa... somente a sua presença é capaz de suprir minhas carências.

Te amo... amo cada parte sua... sua boca... seus olhos... suas mãos... amo todo o conjunto mulher que você é... você é linda... uma mulher linda... uma linda mulher

...seu eterno enamorado... David.


Rio Verde, 22-julho-2001.

sábado, 27 de outubro de 2007

CAMINHO DA GRAÇA É UM LUGAR DE ENCONTRO


por Carlos Bregantim


Encontro da “vida com sabor de Graça”. E da “Graça com sabor de vida”. Encontro de pessoas com pessoas. Encontro de gente com gente. Encontro de seres humanos com seres humanos. Encontro de pessoas consigo mesmas, na expectativa de que este encontro, seja menos dolorido, mas, que seja curativo, terapêutico, saudável. Que seja um confronto consigo mesmo que produza resultado na vida para a vida com Graça. Encontro de pessoas com a simplicidade do Evangelho, que, em lendo e meditando no Evangelho, descobrem a beleza, a suavidade, a leveza das palavras de Jesus e se sentem seduzidas a segui-Lo. Encontro de pessoas que desejam ser, nada alem de discípulos de Jesus e viverem com responsabilidade o Evangelho da Graça.

No Caminho da Graça, onde estes encontros acontecem, acontecem outros tantos encontros que determinam toda a dinâmica e a razão de existir do Caminho.

No Caminho da Graça, os encontros são embriões de possíveis e bem-vindas “amizades espirituais” tão raras e tão necessárias em nossos dias.

No Caminho da Graça, os encontros são informais, interativos, simples, leves, ecléticos, pois, entendemos que estes ingredientes são indispensáveis para um “ambiente favorável” para se estabelecer novos vínculos de afeição, amizades, amor, compaixão e real comunhão com pessoas e com Deus.

No Caminho da Graça, os caminhantes são encorajados a, em entendendo o Evangelho da Graça, segundo suas próprias consciências e submissos ao Espírito Santo, viverem este Evangelho da Graça, na sua plenitude e voltarem a ser pessoas normais, isto é, ser gente como gente deve ser serem humanos, pois, quando Deus decidiu se aproximar de nós, se humanizou se encarnou e habitou entre nós e ai então “vimos a sua Gloria”.

No Caminho da Graça, somos estimulados a, se tivermos que radicalizar em algo, radicalizaremos na graça, no amor, no perdão, na paciência, na compaixão, no acolhimento irrestrito, no “caminhar mais uma milha”, no doar, no entregar também a capa e isso para com todos sem acepção que desejarem abraçar ou re-abraçar a fé cristã.

No Caminho da Graça, todos descobrimos e reconhecemos que o lugar mais seguro para se estar no universo é, debaixo da Cruz de Cristo. Somos encorajados a correr para este lugar, todo tempo e o tempo todo e ali, aos pés da Cruz, vamos nos transformando até que todos cheguemos a estatura da plenitude de Cristo, nos parecendo cada vez mais com Ele que é o propósito final de Deus em nós

No Caminho da Graça, temos nos encontrado, reencontrado e reconhecido a presença de Deus para alem dos estereótipos religiosos, padrões religiosos, tradições religiosas. Temos descoberto que Deus não é propriedade exclusiva de nenhuma religião, pois Ele é livre e absolutamente soberano.

No Caminho da Graça, até um desencontro pode se tornar um encontro, à medida que os desencontrados se encontrem e são encontrados e juntos celebram o encontro na Graça com alegria, liberdade, sensibilidade e compromisso.

No Caminho da Graça, todos nos encontramos uns com os outros e com Deus, com sua Graça, pois, Ele em Cristo disse: “onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome ali estarei”, portanto, juntos celebramos sua presença e afirmamos que Nele, Jesus de Nazaré, Deus se reconciliou com a humanidade e a todos perdoou e todos são convidados a participar desta mesa, a mesa da Graça.

QUE LUGAR É ESTE?

O que é importante refletir é que este “lugar” não é necessariamente um “lugar geográfico fixo” O Caminho da Graça é um lugar de encontro de pessoas, portanto, onde estes encontros acontecerem, sendo “mediados” pela graça, isto é, pela presença do Cristo Ressuscitado, ali está o Caminho da Graça.

Aqui na capital paulistana, estes encontros ou muitos dos caminhantes se encontram aos domingos 10 na Lins, mas, falo por mim e sei que poderia falar por muitos dos caminhantes. ao sairmos da Lins, entramos na roda viva da vida que nos conduz a tantos encontros onde a graça mediadora faz destes lugares Caminhos Graciosos. Por exemplo, nesta semana que estamos encerrando, o Caminho da Graça, para mim, aconteceu... em vários ambientes como no Shoping Santa Cruz, Shoping, Paulista, Padaria Letícia, Fnac, Cemitério Jaraguá, aqui em casa, no telefone, na internet, via MSN, orkut, e-mails, enfim, tantos foram os lugares onde o Caminho da Graça se instalou e mesmo em encontros rápidos ou longos, alegres, tristes, tensos, leves..percebi a graça do Pai..aspergindo, respingando, lubrificando, mediando, acalmando, confrontando, curando, consolando, cuidando. Isto é o Caminho da Graça, este lugar, eclético, onde dois ou 10 ou 100. Seja quantos forem, podem se encontrar e se restaurar.

No Caminho da Graça, não há fixidez, não há padrões rígidos, regras inflexíveis, cobranças implacáveis, palavras ásperas, gritos hostis.

No Caminho da Graça há, acolhimento, abraço, beijo de bem-vindo de adeus. Há perguntas sem respostas. Há alegria e choro. Enfim, há a normalidade da vida à qual fomos chamados para viver intensamente.

AONDE O CAMINHO DA GRAÇA QUER CHEGAR?

A lugar nenhum, porque o Caminho da Graça já é; e já está. O Caminho da Graça já é tudo que precisamos e já está onde deve estar. O CG já é...

QUAIS OS OBJETIVOS DO CAMINHO DA GRAÇA?

Só um. Que todos os caminhantes cheguem cada dia mais próximo da imagem e semelhança do Filho, já que esta é a vontade final do Pai Eterno.

E A HORA QUE O CAMINHO DA GRAÇA CRESCER, O QUE VOCES FARÃO?

Nada, pois não há nada que se fazer a não ser continuar fazendo e sendo aquilo que já fazemos e somos, isto é, O CAMINHO DA GRAÇA.

Carlos Bregantim

CAMINHO DA GRAÇA ESTAÇÃO SÃO PAULO

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Amigo Carlos: Graça e Paz!

A cada dia minha alma encontra descanso, especialmente quando vejo que você, entre outros amigos, mesmo que eu me fosse hoje, com tudo o que já internalizaram e creram, manteriam o “espírito do Caminho” intacto nesta geração — que é a única que podemos objetivamente servir!

Receba meu beijo grato e reverente!

Nele, que nos deu a alegria de trocar os pedigrees da religião pela simplicidade da marca da Graça,

Caio

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

A VIRGEM BRASILEIRA



À semelhança da igreja americana. A igreja brasileira está muito longe de ser uma virgem intacta. O Brasil é curiosamente o país mais católico, mais pentecostal e mais espírita do mundo. Ao mesmo tempo, acompanhando uma tendência mundial, o número de não-religiosos aumenta a cada ano (dos míseros 0,2% em 1940 para os significativos 7,4% em 2000).

Os católicos ainda são uma maioria expressiva (bem mais de 2/3 da população), embora em acentuado declínio (de 95% para 73,6% no mesmo período acima). Porém, uma grande quantidade deles são cristãos nominais (veja Billy Graham e Dom Eugênio Sales de mãos dadas, na p. 14). Se pesquisarmos a identidade religiosa das mulheres que cometem aborto, das pessoas envolvidas com o narcotráfico, das prostitutas e dos políticos corruptos – não será novidade se quase todos se declararem de origem católica.

É quase impossível calcular o grande número de brasileiros que se dizem católicos, mas, ao mesmo tempo, acredita na reencarnação (o Instituto Datafolha afirma que são 44%), o que dificilmente aconteceria se eles conhecessem as Escrituras Sagradas e o próprio ensino da Igreja Católica. Com uma facilidade assustadora, esses cristãos batizados, mas não evangelizados, trocam a boa notícia da justificação cristã pela notícia oposta da reencarnação hinduísta, ainda que a discrepância entre uma doutrina e outra seja gigantesca. A mistura é tão grande que está se chamando de “catopírita” o católico que freqüenta um centro espírita t em certa simpatia pela reencarnação, e de “espiritólico”, o espírita que freqüenta as missas e batiza os filhos na Igreja Católica (Folha de São Paulo, “Religião”, 06/05/07, p. 9).

Embora em contínuo crescimento, principalmente nas regiões Norte e Centro-Oeste, o lado evangélico da igreja brasileira não tem dado o mesmo testemunho de alguns anos atrás, quando era uma igreja menor.

Temos muitas divisões, nem todas provocadas pelo zelo doutrinário ou pelo desejo honesto de sermos uma igreja de maior fervor espiritual. Por não estarmos sujeitos a uma central que controla tudo, como acontece na Igreja Católica, nossas divisões são mais visíveis, mas acentuadas e mais freqüentes. Não poucas são motivas pela vaidade humana, pela sede de poder, por questões puramente pessoais. Temos denominações históricas (luteranos, congregacionais, presbiterianos, metodistas, batistas, episcopais etc.), denominações pentecostais (Congregação Cristã no Brasil, Assembléia de Deus, Igreja Evangélica Pentecostal o Brasil para Cristo, Igreja Pentecostal Deus é Amor, Igreja do Evangelho Quadrangular etc.) e denominações neopentecostais (Igreja Universal do Reino de Deus, Igreja Internacional da Graça de Deus, Igreja Renascer em Cristo etc.)

Somos presbiterianos, presbiterianos independentes, presbiterianos conservadores, presbiterianos fundamentalistas, presbiterianos renovados, presbiterianos “tolerantes” (Igreja Presbiteriana Unida) e até presbiterianos “soltos” (desligados de qualquer estrutura eclesiástica). Todas as outras denominações históricas têm fragmentações equivalentes à da presbiteriana, citada como exemplo.

Os fundadores da Igreja Universal do Reino de Deus (Edir Macedo), da Igreja Internacional da Graça de Deus (R. R. Soares) e da Igreja Cristo Vive (Miguel Ângelo) saíram todos da mesma Igreja de Nova Vida, em Botafogo, no Rio de Janeiro, RJ. Em alguns lugares, a igreja de Edir Macedo está na mesma rua e no mesmo quarteirão da igreja de seu cunhado R. R. Soares.

Quase todo dia organizamos uma nova igreja, em alguns casos sob a desculpa de fugirmos ao emaranhado das muitas denominações. Não há como negar a existência de competição entre o grupo católico e o grupo protestante e também entre uma denominação evangélica e outra. A competição acontece ainda entre igrejas da mesma denominação. Sabe-se que há igrejas que mudam certas práticas e certas convicções só para não perde membros. Estamos fazendo o que se faz no mundo dos negócios, adotando a concorrência, que, em última análise, tem muito a ver com o mundo darwiniano.

Salvo algumas exceções, a euforia está tomando o lugar da contrição. A euforia pela quantidade – os grandes ajuntamentos, as grandes colheitas, os grandes relatórios, os grandes milagres, os grandes templos e as grandes igrejas (criamos até a palavra “megaigreja”). A doença da euforia religiosa alcança até a oração (o presunçoso “eu ordeno” substitui o humilde “eu suplico”). Cantamos mais hinos retumbantes (“Vou lançar a minha rede ao mar, muitas almas vou ganhar, tantas que eu não poderei contar, almas como a areia do mar”) do que hinos de arrependimento (“Se eu não andei nos bons caminhos teus, perdão, Senhor!”).

Não temos feito a sábia distinção entre alegria e euforia. A alegria nos conduz à adoração e à gratidão. Já a euforia quase sempre descamba na soberba, além de nos tirar os pés do chão e nos desviar do alvo certo. A projeção do nome e da imagem é um mau sinal e um perigo. Outro dia o reverendo José (nome fictício) colocou um anúncio de página inteira numa revista evangélica que mencionava seis vezes o seu nome e estampava seis vezes a sua foto. Este senhor referiu-se a ele mesmo como “o homem que recebeu os nove dons espirituais”. O anúncio terminava assim: “Quem deseja visitar a Igreja do Revendo José, o endereço é...”.

Fazemos propaganda descarada de nós mesmos ou do nosso grupo. Basta abrir uma edição qualquer do órgão oficial de certa denominação neopentecostal para encontrar ali o nome e a foto de seu fundador dezenas de vezes. Quando essa revista e outras do gênero contam histórias de conversão, de curas espetaculares e de ascensão financeira, elas deixam bem claro que tais eventos se deram pro causa do programa de televisão deles ou porque a pessoa visitou a igreja deles. É puro marketing religioso, que funciona, mas que não se pode chamar de evangelização. Há poucos anos, certo pastor de uma denominação histórica anunciou que iria construir o maior templo, cuja planta havia sido elaborada pelo maior arquiteto do mundo (referia-se a Oscar Niemeyer), no melhor lugar, para o maior Deus.

Os pastores estão em crise e os rebanhos também. Em muitos casos, a figura do pastor deixa muito a desejar em várias áreas: quanto à vocação, à motivação, à vida devocional, ao caráter, ao exemplo, à autoridade, à pregação, à liderança (ora fraca demais ora dominadora demais), às relações familiares. Por causa da diminuição da qualidade pastoral quase nada mais resta daquela admiração e daquele orgulho que o rebanho tinha pelo seu pastor. Some-se a isso a influência de certas correntes que propagam a idéia de que a presença e o ministério do pastor são desnecessários. A baixa qualidade reforça a falsa idéia, e vice-versa.

Talvez o maior desafio da igreja brasileira e das igrejas de todo o mundo seja a tristemente famosa teologia da prosperidade. Usando a linguagem de Paulo poderíamos dizer que “outro evangelho” (o da prosperidade) tomou o lugar do “evangelho de Cristo” (Gl 1.6-7). Essa pregação, nascida nos Estados Unidos, não menciona o pecado, o arrependimento e o “negar-se a si mesmo” (Lc 0.23). Abaixa a altura do paradigma, aumenta a largura da porta, alarga o caminho apertado e multiplica o número de companheiros de jornada (Mt 7.13-14). É o evangelho da graça barata, que apresenta Jesus como Salvador, e nunca como Senhor, pelo menos na prática. É a versão religiosa da badalada auto-ajuda, que domina o mercado livreiro. É o evangelho da satisfação pessoal, da cura, do sucesso, de bens, de vantagens, de mansões, de casa na praia e na montanha, de carros importados, de roupas e jóias de marcas famosas. É o evangelho que excita agradavelmente e não exige nada, como explica o pesquisador George Gallup Jr. É a chamada religião à La carte.

Além daqueles que nasceram dentro da teologia da prosperidade ou a abraçaram a certa altura de sua vida cristã, outros muitos estão se interessando por ela e se comprometendo com ela sem, contudo, abandonarem suas igrejas de origem e irem para igrejas neopentecostais. A propaganda cerrada da teologia da prosperidade pela televisão, pelo rádio, pelo púlpito (vários cultos por dia), pelos jornais e revistas (um deles tem tiragem superior a 2.300.000 exemplares) está minando o povo de Deus. Há poucos dias, uma editora colocou outdoors em lugares estratégicos anunciando uma nova Bíblia de estudo com ênfase na vitória financeira. Estamos embriagados, mas certamente não é do Espírito Santo, como aconteceu com os primeiros cristãos (At 2.13), e sim pelo crescimento numérico e, em alguns casos, pelas sacolas e gazofilácios cheios de dinheiro.

Como se pode ver, a virgem brasileira não vai bem e há pouca beleza nela para ser admirada. Crescemos muito e depressa, mas “temos dois quilômetros de extensão e dois centímetros de profundidade”, como afirmou Josué Campanha, diretor da SEPAL Brasil, no encontro da organização realizado em Águas de Lindóia de 7 a 11 de maio de 2007.

Se nós não intensificarmos a evangelização, como a Igreja Católica decidiu fazer agora em maio, “o crescimento nos asfixiará e nos tornaremos uma segunda força religiosa oficial, grande, mas irrelevante, como aquela que já temos há 500 anos” (trecho da entrevista de Harold Segura, na p. 34).


Extraído da Revista Ultimato, edição julho-agosto 2007, p. 62 e 63.



quarta-feira, 24 de outubro de 2007

O COCHEIRO E SUAS ABÓBORAS

Era uma vez um cocheiro que dirigia uma carroça cheia de abóboras.

A cada solavanco da carroça, ele olhava para trás e via que as abóboras estavam todas desarrumadas.

Então ele parava, descia e colocava-as novamente no lugar. Mal reiniciava sua viagem, vinha outro solavanco e... tudo se desarrumava de novo.

Então ele começou a ficar desanimado e pensou: "jamais vou conseguir terminar minha viagem!

É impossível dirigir nesta estrada de terra, conservando as abóboras arrumadas!".

Quando estava assim pensando, passou à sua frente outra carroça cheia de abóboras e ele observou que o cocheiro seguia em frente e nem olhava para trás: as abóboras que estavam desarrumadas organizavam-se sozinhas no próximo solavanco.

Foi quando ele compreendeu que, se colocasse a carroça em movimento na direção do local onde queria chegar, os próprios solavancos da carroça fariam com que as abóboras se acomodassem em seus devidos lugares.

Assim também é a nossa vida: quando paramos demais para olhar os problemas, perdemos tempo e nos distanciamos das nossas metas.

Autor desconhecido

domingo, 21 de outubro de 2007

“TROPA DE ELITE” MUITO BURRA


O que escrevo a seguir não será entendido hoje por mais de 90% dos meus leitores. De fato alguns são leitores, mas muitos ainda são Lei-tores. Entretanto, em alguns anos todos me compreenderão. Mas o preço hoje é a solidão.

Deixando o que digo para além da dúvida para os mal intencionados:

Sou contra as drogas, mas sou mais contra ainda aos meios de seu combate e às motivações de seu combate!

Portanto, apenas suponha:

“De hoje em diante Cerveja e Vinho são drogas” — decretam as autoridades.

Até mesmo vinho de ceia; até mesmo o suco da uva! Tudo está proibido!

Tomar a ceia com vinho ou seus derivados seria crime e ilegalidade em tal caso. A ceia seria uma contravenção.

Sim! De um dia para o outro; assim como foi quando bebida alcoólica era droga nos Estados Unidos e deixou de ser com uma Canetada legal.

Por quê?

Ora, em ambos os casos, tanto para tornar crime quanto para descriminar [na época da Lei Seca], aconteceu apenas em razão da Moral das elites e que é sempre o resultado de seus interesses, sejam econômicos ou apenas uma decisão segregatória — conforme aconteceu na América.

Sim! Tais leis [tipo a Lei Seca] acontecem apenas em razão da Moral, a qual, pela legalidade, se torna mais Moral ainda, e, portanto, cada vez mais legal...

Assim, bons lobbies e uma boa dose de Moralidade elitista, e qualquer coisa desinteressante para essa Moral passa a ser ilegal e vice versa.

Afinal, sempre se substitui uma Moral por outra Moral do modo mais irracional possível.

Isto é também parte do “curso deste mundo”, conforme Paulo.

Algodão já foi a “droga das roupas” por uma convenção americana, de natureza protecionista de seu mercado; posto que, não podendo competir com o algodão indiano, declarou-o ilegal nos States; e quem o comprava ou vendia algodão ia pra cadeia como um “traficante”.

Por quê?

Ora, é que a lã americana não podia competir com os tecidos de algodão da Índia [isto no início do século passado]. Desse modo o remédio era fazer algodão ser algo ilegal.

Apenas uma Canetada e o algodão virou droga.

Apenas a título de ilustração e jamais de apologia:

Até a década de 30 era permitido fumar maconha nos Estados Unidos. Fumava-se abertamente em todas as festas da elite em Nova York [na Europa Vitoriana também; e depois... do mesmo modo até o fim da II Guerra]. Mas como nos Estados Unidos [nova potencial mundial] surgiu a discriminação aos negros, e eram eles [os negros] que plantavam a maconha no campo e vendiam aos brancos, do dia para a noite, por força da perseguição racial, a plantação passou a ser crime.

E como todo crime que só é crime se for por decreto, a tendência, em tal caso, é fazer crescer o “proibido”; então o consumo cresceu na América e no mundo...

Para se compreender minimamente o que tento aqui expressar, é importante afirmar que existe diferença entre os mandamentos da Lei de Deus e os mandamentos das leis dos homens.

O ladrão que morria ao lado de Jesus pagou legalmente pelo que seus atos mereciam, embora, pelo arrependimento, tenha ido de condenado pelos homens a perdoado por Jesus direto para o Paraíso.

No caso de tal “malfeitor”, deu-se a César o que era de César [a lei e a ordem] e deu-se a Deus o que a Deus pertencia: o homem.

No caso em questão, provavelmente o “malfeitor” pagasse por crimes mesmo [morte, roubo ou qualquer delito real contra o próximo], e não por convenções meramente circunstanciais ou fruto de caprichos de uma elite.

Entretanto, no caso do “ladrão ao lado de Jesus”, ficou estabelecida a distinção entre a Lei operando socialmente para proteger os homens daqueles que são malfeitores, e, a possibilidade de que o condenado, mesmo pagando o que deve, o pague aos homens embora já esteja perdoado pelo Pai.

A Lei de Deus não salva ninguém espiritualmente [pois, por obras da Lei ninguém é justificado diante de Deus], mas sem ela a sociedade humana entra em caos total.

Sem honra aos pais as gerações apodrecem...

Sob o homicídio toda sociedade se torna diabo...

Sob a mentira, a falsificação, o estelionato e a falsa testemunha, toda sociedade já não sabe mais nada acerca da realidade... e serve à fantasia...

Sob o adultério, a traição e o engano, toda sociedade perece no desamor familiar e estende tal desamor para o todo da vida; pois, quem não ama o seus, a quem amará?...

Sob o roubo, o furto e a corrupção, toda sociedade se torna perversa e bandida; e a nossa é a prova cabal de que sendo assim tal processo é irreversível...

Os quatro primeiros mandamentos da Lei de Deus não têm aplicabilidade social exceto numa Teocracia [o que nada tem a ver com o Reino de Deus, que no coração]; e o último, “não cobiçarás”, pode apenas ser avaliado no próprio coração do cobiçoso.

Entretanto, dos mandamentos de Deus que são leis consensuais em praticamente todas as sociedades humanas, no Brasil quase nenhum deles carrega qualquer significado Moral atual; não para a elite...

Sim! Cada mandamento foi escrito como sendo algo que não se devia fazer “contra o próximo”. Entre nós, todavia, tudo isso perdeu o sentido... O que se tem que fazer é aprender a praticar sem que se seja flagrado...

O país é vitima de um monte de leis morais re-enforçadas pelas elites [mídia e formadores de opinião] e pelo sistema político, legal e policial; e tais leis e seus executores geram os piores males da nação; males piores do que “aquilo” que pelo uso de tais leis se pretende combater.

Se alguém soma o que se perde na corrupção governamental e legal [Executivo, Legislativo e Judiciário] e mais o que se gasta na repressão aos crimes de Canetada, e que são caprichos Morais — e se a tais somas se adiciona o imponderável: a perda de milhares e milhares de vidas humanas; e mais: o decreto de morte ou semi-morte aos órfãos e parentes de tais “vitimas” — logo se vê, pela soma de tais índices, que se gasta infinitamente mais em razão deles, do que qualquer que seja o significado do mal que o objeto reprimido possa causar em si mesmo à sociedade.

O drama que o filme Tropa de Elite nos apresenta é a expressão de um espírito suicida, burro, diabolicamente imbecil, e satanicamente homicida, o qual se torna guerra de decreto, sem que a ela corresponda nenhuma causa pela qual se deva guerrear.

Durante anos importantes no desenvolvimento do atual fenômeno narrado parcialmente no filme Tropa de Elite — vi para além de qualquer dúvida que pudesse depois restar em mim, que a guerra é de Caneta, e que seu gênio é a Moral das elites hipócritas, em razão de que o que se combate só se passou a combater por um preconceito racial americano, tornado lei mundial pelo poder econômico e militar da América Pós-Guerra; e que se tornou lei a ser cumprida por todas as nações “civilizadas” da terra.

Entretanto, antes de 1930 [e alguma coisa], não era assim nem mesmo na América do Norte, tendo se tornado isso em razão da perseguição aos negros — o que, pela alienação histórica, vai se projetando de geração a geração como se fosse mandamento divino...

O filme retrata a idiotice animada pelo inferno e que entre nós se tornou um câncer com metástase no corpo inteiro.

O que se gasta de energia, sangue, vidas e dinheiro para combater aquilo que foi condenado pela lei da Canetada [bem como o dinheiro que se desvia dentro do processo e fora dele como corrupção], não vale nem de longe a guerra imbecil que se propõe combater até a morte aquilo que mata menos do que a repressão feita em nome da vida e da ordem, a qual não apenas mata muito e muito, mas corrompe ainda mais...

E quem já viveu ali..., olhando de dentro da Polícia, apalpando seus intestinos; bem como vendo a partir do Estado, compondo seus quadros de avaliação do sistema; entrando em todo o sistema prisional e fazendo relações com os apenados e suas famílias; subindo os morros e favelas, entrando nas casas dos trabalhadores bem como na dos membros do “movimento” — sim! olhando a situação por várias perspectivas, e percebendo que seus tentáculos se esticam aos mais elevados níveis de poder; e mais: sabendo da história da proibição que hoje, sem se auto-explicar, tornou-se um Axioma Legal — não se tem como não dizer: TUDO ISSO É LOUCURA!

Segundo o filme, alguém bom tem que sofrer a lavagem cerebral do ódio a fim de poder ser o substituto de alguém bom que tem que viver como mal a fim de sobreviver até achar alguém que entre no processo para substituí-lo...

E para que isto aconteça a pessoa tem que se convencer que é mais importante salvar a Polícia para coibir o uso de qualquer que seja o produto ilícito, do que perguntar se aquilo tudo faz sentido.

“Ordem dada é ordem cumprida” — repete o policial corrupto e indiferente.

Assim, o filme da moda, o Tropa de Elite, foi visto por mim num ato de contravenção, mediante uma cópia pirata, e, de tal ilícito é que me arvoro a escrever sobre a proliferação do ilícito irracional, o qual, não é Lei de Deus, e não trabalha na direção dela, pois, para que alguém não se mate por vontade própria [o que é lícito; pois, não se diz “não te suicidarás”, mas sim “não matarás”] — mata-se muito mais do que os próprios suicidas dependentes de drogas químicas conseguem se matar; fazendo “eles” assim com que o remédio para matar barata seja uma bomba atômica; que não mata a barata, mas destrói tudo à sua volta; conforme se vê na insana luta contra as “drogas escolhidas” pela elite Moral para serem as “proibidas”, embora os proibidores consumam mais que todos os outros homens aquilo por eles “proibido”; enquanto financiam e demandam a morte daqueles que são seus “fornecedores”; os quais, para continuar fornecendo o ilícito têm que se armar até os dentes a fim de enfrentar a Polícia; a qual, usa tais “atravessadores ilegais” como os sustentadores do negócio policial da corrupção, na mesma medida em que a própria Polícia também se envolve com tudo mais que diga respeito à exacerbação do processo, criando um monstro que se alimenta de sua própria morte. De modo que quanto mais mata, à semelhança de um vampiro, mais se fortalece no espírito do ódio e da morte.

Ou seja: tudo isso é o diabo!

Indagado sobre isto por fariseus contemporâneos, Jesus diria: “Vocês sempre coam o mosquito e engolem o camelo!”.

Todo esse sistema tem sua cabeça no intestino grosso de um Estado sem consciência, e que importa Dejeto Legal como ouro Moral, apenas para passar por “civilizado” ante as elites suicidas e preconceituosas da Roma Moderna: a América do Norte.

Sim! É mais ridículo do que Corintiano matando pelo resultado do jogo de seu time.

Somente os cegados pela Moral burra e pelo preconceito, não enxergam que essa guerra é de Caneta, mas que as armas são de morte. E mais: que ela jamais terá fim; e cada vez mais será a Droga maior enquanto diz nos defender das drogas.

Se o Governo Brasileiro não tiver a coragem de tomar uma posição inteligente frente ao mal maior que se cria combatendo os inegáveis males das drogas pela via de um mal maior, apenas contaremos nossa história rumo ao abismo.

Isto não é profecia, é fato!

Somente a consciência pode parar o consumo de qualquer coisa, pois, não existe Lei contra o desejo de fugir ou de morrer. E essa é a pulsão que fomenta o uso de qualquer alterador de consciência; seja o álcool, seja a maconha, seja o pó e seus derivados diabólicos, ou sejam as drogas tarja preta, igualmente danosas e viciantes.

Esta é minha opinião, já expressa outras vezes neste site. Quem não concordar espere mais dez anos e releia o que escrevo hoje; e, antes de hoje, em centenas de textos desde 1992.

Nele, em Quem julgo falar com sensatez pela Vida, e isto em um mundo caído no qual quase sempre o melhor é apenas o menos ruim,

Caio
04/10/07
Lago Norte
Brasília

sábado, 20 de outubro de 2007

ORANDO NO ESPELHO



Precisamos orar pelo país. Temos esquecido de incluir o Brasil em nossos programas de oração. Deixamos nosso povo e nossos governantes sem cobertura. Dá no que dá.


Deus fez sua parte. Somos um país “abençoado por Deus”, com imensas riquezas naturais, terras férteis, clima ameno etc. Falta orar por nosso povo e por nossos governantes.

Penso logo numa lista de pedidos.

Gostaria de poder comprar jornal numa caixa na calçada, onde coloco o dinheiro e pego o jornal, sem necessidade de vigias.

Gostaria de poder tirar uma simples cópia, sem ter de pedir ao encarregado da chave do armário do papel da copiadora.

Gostaria de não ter de trancar na gaveta, todo fim de expediente, meus papéis, réguas e canetas. Sem tranca, tudo desaparece da noite para o dia.

Gostaria de ver os gramados de Brasília sem aqueles milhares de trilhas no gramado. O povo não usa as calçadas que não coincidam com a linha reta que pretendem traçar ao seu destino.

Gostaria que meus vizinhos usassem a sua própria água para lavar o carro, e não fizessem “gatos” na água do condomínio. O mesmo para a luz, a tevê a cabo e até linhas telefônicas.

Gostaria que as pessoas fossem pontuais. Que simplesmente chegassem na hora marcada. Perderíamos menos tempo na vida, esperando por gente que acha que tem o direito de nos fazer esperar (se reclamamos, dizem: “relaxa!”).

Gostaria que todos os motoristas que encontro nas ruas tivesse carteiras legítimas e soubessem as regras de trânsito. Que a compra de carteiras, certidões, diplomas, atestados e tudo o mais não fosse algo “normal”.

Gostaria que alguém se escandalizasse quando um político entra de licença médica, como recursos “de praxe” para se afastar. Que alguém pedisse uma junta médica para verificar se ele realmente está doente.

Gostaria que o meu presidente soubesse alguma coisa do que se passa fora do seu gabinete, no país que diz governar, por exemplo. Mas ele repete que não sabia.

Gostaria que Roberto Jefferson e Fernando Collor não mais se apresentassem como “garotos-propaganda” de um partido, como se fossem referências nacionais.

Gostaria que Marta Suplicy deixasse de pensar só “naquilo”. Em especial, quando se fala de crise na aviação. “Relaxar e gozar” durante um estupro, na boca de uma ministra de Estado, só pode ser o fundo do poço moral de uma nação. Se ele não puder mais ser mudada (nem com oração), que seja retirada do cargo.

Quanta matéria de oração, para melhorar nosso país! Imagino que lhe ocorram muitas outras, leitor.

Será que Deus consegue?

Bem, a resposta encontraremos no espelho. Ao pensar nesses “pedidos de oração”, vale perguntar: é por essa imagem no espelho que estou orando? Não seria o caso de usar, então, “nós”, como fez Neemias?

Estejam, pois, atentos os teus ouvidos, e os teus olhos, abertos, para acudires à oração do teu servo, que hoje faço à tua presença, dia e noite, pelos filhos de Israel, teus servos; e faço confissão pelos pecados dos filhos de Israel, os quais têm cometido conta ti; pois eu e a casa do meu pai temos pecado. Temos procedido de todo corruptamente contra ti, não temos guardado os mandamentos, nem os estatutos, nem os juízos que ordenaste a Moisés, teu servo. (Ne 1.6-7)

Devemos orar pelo Brasil. Deus responderá se, com temor, suplicarmos por esse povo que vemos no espelho.



por Rubem Amorese
Presbítero na Igreja Presbiteriana do Planalto, em Brasília
Extraído da revista ULTIMATO – set-out-2007


METAMORFOSE AMBULANTE

Creio que todo dom perfeito e toda boa dádiva vem de Deus, inclusive a letra dessa música cantada pela banda Capital Inicial. “Nem tudo é como você quer, nem tudo pode ser perfeito, pode ser fácil se você ver o mundo de outro jeito. Se o que era errado ficou certo, as coisas são como elas são..."

No histórico da nossa vida muitas coisas eram abomináveis aos nossos olhos, condenávamos, repudiávamos e até pregávamos defendendo as nossas teses por aí. Porém, com o passar do tempo as coisas mudaram... ou fomos nós que mudamos com o passar do tempo? Tem gente que antigamente dizia que assistir televisão era pecado, hoje não perde a novela das oito. Ouvir música secular? Nem pensar. Hoje não pára de cantar: ”Amar é um deserto e seus temores...” Beber?! Jamais! Eu não! Hoje aprecia e degusta um bom vinho, seja ele Château Margaux ou o italiano Brunello di Montalcino.

O que incomoda não é a nova forma de ver o mundo dessas pessoas, e sim, porque elas não admitem que mudaram. Pelo amor de Deus, as coisas são como elas são, o que muda são olhos de quem vê e como vê. A Bíblia diz em Tito 1:15 "Tudo é puro para os que são puros, mas para os corrompidos e incrédulos nada é puro; antes tanto a sua mente como a sua consciência estão contaminadas”. Então, temos que reconhecer essa metamorfose, assumir os novos gostos e admitir nossa nova postura com a alma pacificada.

O grande problema é que a maioria dos líderes gostam de impor os seus usos e costumes pessoais nas pessoas. O que eles acham certo é dito como permitido e o que eles acham errado é considerado pecado. E mais, se não seguir conforme manda a cartilha deles essa pessoa é considerada um criminoso. Isso é um absurdo! Por causa disso existe um número grande de cristãos frustrados nas igrejas, pessoas desiludidas e com sua alma em prantos, borbulhando como água fervendo. O apóstolo Paulo em Romanos 14:22 disse “A fé que tens, tem-na para ti mesmo perante Deus. Bem-aventurado é aquele que não se condena naquilo que aprova”. O farol da nossa vida não são pessoas e sim a nossa consciência que esta cativa em Cristo. “Nisto conheceremos que somos da verdade, e diante dele tranqüilizaremos o nosso coração... Amados, se o coração não nos condena, temos confiança para com Deus” I Jo 3:19-21.

Desejo que você possa enxergar a vida com os seus próprios olhos, pois eles são as janelas da sua alma e se eles forem bons, todo o seu corpo será iluminado. Não se prenda a opiniões dos outros, tenha a sua própria. “...Se não faz sentido, discorde comigo, não é nada de mais, são águas passadas escolha uma estrada e não olhe, não olhe pra trás”.

Sempre buscando metanóia na vida pela Vida.

Josué Rodrigues
Pastor da Igreja Presbiteriana Betânia - RJ
Cantor e autor da música "Carvalhos de Justiça"

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

O FORASTEIRO



Acabei de ler o livro “O Forasteiro” escrito pelo Dr. Benjamin Spadoni. Ele narra a história do seu pai, Bruno, imigrante italiano que não cria em Deus, que fugiu da perseguição política de seu país, imposta pelo, então, chefe de governo Benito Mussolini na década de 20.

No Brasil ele encontrou Jesus e o amor da sua vida, Lila, uma jovem de temperamento forte e decidida. Juntos se tornaram missionários e enfrentaram dificuldades de todos os tipos, daquelas que muitas vezes nos fazem questionar o sentido da vida, mas nunca perderam a fé no Senhor de suas vidas.

O livro foi surpresa pra mim, por dois motivos. Não esperava que o Dr. Benjamin fosse tão romântico e poético, porque a impressão que sempre guardei dele, era a de um homem sisudo e impassível. Provavelmente, resquício das minhas memórias da infância. Lembro-me que todos os meus amiguinhos dos anos 1970 – 1975 tinham verdadeiro pavor daquele olhar ríspido. Coisas de crianças! O homem é uma seda só, e da melhor!

O segundo motivo foi o modo como ele escreve..., leve, simples, claro, e que realmente cativa a gente. Eu comecei a ler o livro por volta das 8h e às 18h já tinha devorado tudo. Só parei pra almoçar! É empolgante!

Têm trechos que sensibilizei a ponto de encher os olhos d’água. Em outros, ri sozinho, como aquele em que o Reverendo Martin explode o lampião e as chamas pulam no seu traje. Ele chega a pensar se é castigo de Deus por querer exibir o lampião de última geração, ou por ter permitido o baile (dança) nas festividades do casamento do Bruno e Lila.

O livro realmente é um testemunho de fé, persistência e vitória em Jesus.

Gostei muito mesmo do livro e o recomendo!

Ah! Nada a ver com que acabei de escrever, mas só pra registrar aqui, outro dia li o livro “Confissões do Pastor” do Caio Fábio, e lá no capítulo 36, ele conta que em 1984 ele disse a um casal de amigos, Dr. Benjamin e dona Nelci, para lhe avisar, caso encontrassem no Hospital Evangélico alguma criança órfã, que era pra ele adotar. Mas ele acabou adotando uma garotinha de Niterói que a mãe tinha sumido e o pai não queria criar, e ainda tinha uma macumbeira querendo ficar com a menininha para consagrá-la aos “espíritos”. Essa garotinha é a sua filha, muito abençoada, Juliana.

RV, 10/2007

sábado, 13 de outubro de 2007

PAGAR PARA APANHAR...



Escuto o rádio no caminho para o trabalho todas as manhãs. É pouco tempo, dez minutos. Mas dá pra ouvir um pouco as notícias locais. Hoje escutei uma ocorrência policial que para mim, mostra bem o nível do desrespeito entre as pessoas.

Um cidadão pagou a sua passagem de ônibus e ficou esperando na roleta a cobradora lhe devolver vinte centavos de troco. Como ela não falava nada, ele pediu o troco. Ela disse que não tinha. Ele disse que precisava do troco, que era pouco, mas que precisava. Ela se irritou e lhe mandou caminhar, liberar a roleta. Mas ele insistiu que não podia abrir mão dos vinte centavos. A cobradora, mais que irritada, partiu pra cima do freguês, agredindo com tapas e empurrão. Segundo a notícia no rádio, o cidadão não reagiu de imediato, mas gritou para o motorista parar o ônibus, e que ia chamar a polícia. O motorista não parou e a cobradora continuou agredindo o cliente e ainda o ameaçando de morte. O cidadão começou a reagir e a coisa virou briga feia. O motorista seguiu e só parou no ponto final. Eu não entendi quem chamou a polícia, mas ela foi acionada e todos foram para a delegacia prestar depoimento.

Não sei como terminou o imbróglio, porque cheguei ao estacionamento do trabalho e não pude continuar ouvindo. Mas comecei o dia indignado! O que faz a cobradora pensar que ela tem o direito de negar o troco e ainda agredir o cliente? Sim, porque se trata de um serviço que uma empresa de transporte coletivo presta à comunidade, e não é de graça. O usuário do serviço é um cliente! E foi agredido apenas por exercer o seu direito num serviço em que ele está pagando. Na verdade, o respeito precisa existir, seja no serviço público ou no privado, porque somos nós, o povo, que pagamos de todo jeito.

Isso me faz pensar que nossas autoridades, nossos representantes, estão tão desacreditadas por não cumprirem suas promessas, e por se envolverem em tantas maracutaias e saírem ilesos de tudo, como se nada tivesse acontecido, com direito até a dança da pizza (deputada Angela Guadagnin no plenário da câmara em Brasília na absolvição da cassação do deputado João Magno-PT-MG; essa manifestação vergonhosa ficou conhecida como a Dança da Pizza, uma demonstração de escárnio com a opinião pública e certeza de impunidade dos políticos), que de repente, nós aqui, simples mortais, agimos como se as leis existissem para serem quebradas mesmo, ou que nem existem de fato. Afinal, quem tinha que ser exemplo, não o é?!

Brincadeira! Pagar para apanhar! Pagou e ainda levou de troco uma surra.

RV, 10/2007