sábado, 20 de dezembro de 2008

ESBOÇO DE UMA VIDA - Parte 11


Apenas, sentimos que a Providência Divina estava novamente em ação. A decisão, é claro, foi pela afirmativa. A próxima semana nos pegou, a mim e a meu pai, seguindo para São José do Rio Preto. Lá chegando, fomos a procura do Rev. Armando Pena Forte de Amorim, o pastor da igreja, cuja residência ficava ao lado do templo da Igreja Presbiteriana, ali na Rua Prudente de Moraes, meu domicílio durante o ano de 1948.
A nossa curiosidade foi satisfeita quanto ao que sucedera. De tempos em tempos o Seminário Presbiteriano de Campinas promovia uma campanha pró-vocações. Recentemente o Rev. Jorge Goulart, Deão do seminário e primo de minha mãe Ninita, passara por Barretos e estivera conosco, quando tomou conhecimento dos obstáculos que enfrentávamos, quanto à continuidade dos meus estudos. Não fizera ele, na ocasião, nenhum maior comentário, mas, assim que chegou a São José do Rio Preto ele comentou com o Rev. Armando que tinha um “sobrinho”, aspirante ao Santo Ministério, sem recursos para continuar os estudos, o que é que o Presbitério de Araraquara poderia fazer a respeito? Rev. Armando respondeu: quanto ao Presbitério, é cedo para afirmar qualquer coisa, porém, quanto a mim já me decidi, vou trazer o Milburges para São José do Rio Preto.
Ato contínuo matriculou-me na primeira série do curso clássico; aguardava a documentação de praxe para que a mesma se efetivasse. Meu pai e eu fomos para Rio Preto levar os documentos exigidos, para a efetivação da matrícula. Papai retornou a Barretos e eu permaneci, bastante constrangido é verdade, pelo fato de todos me serem desconhecidos. A minha insegurança aumentava, por causa da ansiedade que me dominava. A dona da casa estava viajando com os filhos, aproveitando os últimos dias de férias na cidade de Campinas na casa do pai, o Sr. Germano. Dona Dalila (assim se chamava a esposa do Rev. Amorim), não demorou a retornar, acompanhada de seus quatro filhos: Gilmar (o mais velho, eu o conhecera num congresso da mocidade na cidade de São Carlos, em 1946), Cleomar (a única menina), Edenar e Osmar (o caçula). Imagine-se a surpresa de D. Dalila ao chegar e ser apresentada, segundo as palavras do esposo, ao “novo filho”. A reação não foi nada calorosa, e eu mais encabulado fiquei.
O Rev. Teófilo Carnier pastor da I Igreja de Barretos e encarregado dos atos pastorais junto à Congregação do Frigorífico, tornara-se um bom e grande amigo de meus pais. Fizera ele uma observação preocupante, a respeito de D. Dalila Germano Amorim. Talvez por descender de uma família financeiramente muito bem sucedida, não se acostumara ainda à frugalidade da vida de esposa de pastor pobre, que de grande tinha sua avantajada estrutura física, e um coração tão grande e generoso, quanto ao seu “peito avantajado”, onde lhe pulsava um grande coração. Coração de Pastor!
Tudo acabara por cair no ritmo da normalidade do habitual. Integrado no saio da família, no seio da Família da Fé, a vida estudantil correndo bem. De repente, o susto explodiu como bomba, eu nascera em 1928, portanto em 1948 eu tinha a idade para o obrigatório serviço militar. Esquecêramos totalmente do alistamento competente e, agora, via-me na contingência de perder de não poder matricular-me no Tiro de Guerra, e ter que incorporar-me ao serviço militar, em regime de caserna, de exército. Seria mais uma interrupção no processo de preparação para o seminário.
Entrou, então, em cena o amado presbítero, o médico Dr. Alípio Benedito Cerqueira de Castilho, major médico, reformado do exército. Apadrinhou-me e usando sua influência junto à direção do Tiro de Guerra, conseguiu que eu fosse, finalmente, matriculado no Tiro de Guerra.
O tempo tinha que ser dividido entre o colégio e o Tiro de Guerra. A fim de poupar meu pai do dinheiro que remetia para pagar lavanderia e passadeira, resolvi, eu mesmo, lavar e passar a minha roupa, inclusive o uniforme do colégio e a farda do TG. Pela manhã eu lavava a roupa, após o almoço, aulas. Como a instrução no TG tinha inicio às 18h00, eu saia do colégio, às 17h00, chegava em casa, pegava a farda no varal, mais dura e ressequida que couro. Passava, vestia e seguia para o TG. As outras peças de roupa ficavam sobre a cama, à espera do meu retorno, quando eu passava tudo. Não era muita coisa. O meu guarda-roupa era escasso, bem escasso. Tanto assim que naquele tempo era comum o uso de suspensórios. Eu não fugia à regra. Algo, hilário, acontecia toda semana. Duas calças caqui, do uniforme do colégio, tinham o cós alto porque se usava suspensório. Quando lavava uma das calças, precisava mudar os botões dos suspensórios para a outra calça. Por muito tempo vinha repetindo esta providência, até que, D. Dalila, agora minha amiga, trocou definitivamente aqueles botões, como, também, entregou minha roupa e a “bendita” farda aos cuidados de sua lavadeira e passadeira. Aleluia!
A Junta de Missões Nacionais entregara ao Presbitério os campos de Mirassol, José Bonifácio, Tanabi e Votuporanga. Coube ao Rev. Armando Amorim como Secretário Permanente (executivo), coordenar a assistência ao campo. A partir daí fui aproveitado com freqüência nos trabalhos, pelo campo todo. De sorte que visitava a Congregação de Mirassol, a de José Bonifácio, a de Tanabi, e pontos de pregação. Pelo fato de receber uma gratificação, pequena, pela colaboração, deu-me mais tranqüilidade no desfrutar da hospitalidade do Pastor.
Como as instruções do TG aos domingos iam das 7h00 às 11h00, eu freqüentava a Escola Dominical na Igreja Presbiteriana Independente cujo Pastor era o Rev. Rubens Cintra Damião, meu professor de Grego e de Inglês. Tive, assim, a oportunidade de cooperar com a IPI, lecionando para a mocidade na ED e esporadicamente, dirigindo os estudos bíblicos semanais, e substituindo o Pastor no púlpito, quando solicitado.
Apesar das muitas lutas, de momentos de desânimo, fui ricamente abençoado durante a permanência em São José do Rio Preto (1948). Porque fui amadurecendo em minhas experiências de jovem cristão, como também, definindo com mais objetividade o alvo primário da minha vida. Lembro-me hoje, até com saudade, dos sacrifícios do tempo do TG e do Sgt. Darwia Villar da Costa, um paranaense de maus bofes, que afirmava não gosta de estudantes e de “crentes”.
As Igrejas Presbiterianas e Presbiterianas Independentes, praticamente me adotaram. A generosidade dos irmãos da SAF supriu-me naquilo que me faltava, porém, especialmente o carinho, a amizade e a consideração, para com aquele estudante magricela, mineiro de calcanhar rachado (como se dizia em Minas). Como eu tinha muitos compromissos, tinha uma dificuldade... Não tinha relógio. O Rev. Rubens apresentou-me ao irmão Sr. Scarânio, Presbítero da IPI, e dono de uma relojoaria de porte, para que me vendesse à prazo um relógio. Escolhido o relógio, fiquei todo feliz, pois pela primeira vez tinha um relógio, ao pulso. Por ocasião do meu retorno para casa, fui conversar com o Presb. Scarânio obre o relógio. O Rev. Rubens, para não me constranger, me encaminhara ao irmão Scarânio, mas não me dissera que já havia pagado o relógio (de marca Royce).
Após o TG e em gozo de férias após o primeiro clássico, retornei a família, ainda no Frigorífico Anglo (Barretos). E aí, novamente nos deparamos com os Caminhos da Providência. O Sr. Benedito comprador do sítio de Jaboticabal estava tendo dificuldade no pagamento. Então meu pai e meu avô, com o espírito cristão que os animava, propuseram ao irmão Sr. Benedito a devolução da propriedade, o que evitaria maiores constrangimentos para as partes, e menor prejuízo para meu avô. Pois, por falta de dinheiro, o carrinho e o animal foram vendidos, fato que limitaria muito a comercialização de produtos do sítio, como fazia de primeiro. Nosso irmão hesitou em aceitar a proposta, pois reconhecera que fizera um mau negócio, e queria, o quanto antes voltar para o meio da sua parentela, para os lados de Tietê.
Posto isto, eis-nos de novo, meus avós e eu, e de novo a “tia Galdina” no sítio de Jaboticabal. O segundo clássico seria cursado no Colégio Estadual, onde eu concluiria o curso ginasial, com uma série de novas dificuldades em 1949. O fato, porém, de retornarmos ao convívio antigo com os amados irmãos que ali deixáramos, foi gratificante.
Os acontecimentos de 1949 serão assuntos para: Caminhos da Providência V.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

FÉRIAS 2008 DATELL



Depois de muitos anos consegui me programar para sair de férias com minha mulher. Bem, não foi lá uma grande programação, porque até as vésperas, não sabia ainda muito bem aonde ir. Pensei em Bonito do Mato Grosso do Sul, em Guarapari no Espírito Santo, em Pirenópolis aqui em Goiás, em Rio Quente também em Goiás, porém, aproveitando a oportunidade para levar meu mano em Santos, que estava passando uns dias aqui com meus familiares, resolvi ficar uns dias por lá e depois seguir pelo litoral norte via Rio-Santos até onde o dindin desse. Nunca fiz nada parecido, mas nunca é tarde para se começar, mesmo tendo agora que economizar por um ano... Valeu à pena!


Saímos de Rio Verde na terça dia 15 de julho às 16h. Às 6h da quarta estávamos em Santos. Deixei meu mano em sua casa com minha cunhadinha e seus pais. Demos entrada no Hotel Caravelas que fica a 20m da praia José Menino, ali, no canal 1. Muito aconchegante, o pessoal simpático, acolhedor e o café da manhã gostoso. Sentimos-nos muito bem ali.

Descansamos um pouco e depois fomos procurar um lugar legal para comermos. Almoçamos no Restaurante Praia Gonzaga que fica ali na Av. Mal. Floriano Peixoto. Uma comida muito gostosa e um lugar bem tranqüilo, apesar do trânsito movimentado do lado de fora. Depois, como não poderia deixar de atender minha esposinha querida, fomos às compras nas lojas do Gonzaga. Ai... Andamos, andamos, andamos... Caramba! Ela não se cansava! E eu doido pra caminhar na praia com a água salgada pelo tornozelo. Paciência!

Na quinta fomos até a Ilha Porchat tirar algumas fotos do mirante projetado pelo Niemeyer que fica no topo da ilha. Esse mirante tem um bicão que fica apontado na direção de Brasília. A visão de lá é simplesmente maravilhosa. Dá pra vislumbrar as praias do Gonzaguinha e Itararé, ambas em São Vicente, e também a baia de Santos. Lembrei-me que nessa ilha tem uma pedra que o pessoal chama de Pedra do Tarzan e eu já pulei de cima dela pro mar, quando era adolescente nos anos 70. Hoje, “acho” que nem consigo subir nela! Que dúvida! Mas sou capaz de ficar ali por horas admirando a beleza natural contrastando com a engenhosidade do homem, e tudo criado por Deus. Fico até extasiado. Depois, fomos visitar um velho amigo e sua família.

Na sexta fomos caminhar na praia. Começamos ali no canal 1, Praia do José Menino e fomos até o canal 5, Praia do Embaré. Achei a praia muito limpa e a água também estava bem clara. Bem diferente da outra vez em que estive em Santos há alguns anos. Os jardins estavam muito bem cuidados. A prefeitura de Santos tem quarenta funcionários só por conta de manter o jardim bem cuidado. E aqui uma informação oficial: depois de muita pesquisa, os editores do Guinness Book of Records, o livro dos recordes, finalmente incluíram o jardim da orla de Santos como o jardim frontal de praia de maior extensão do mundo; são 5.335m de extensão distribuídos ao longo de 7km de praias, ou 218.800m², que vão do José Menino à Ponta da Praia. Dá pra fazer uma caminhada e tanto, e se ainda tiver fôlego, dá pra estender até a Ilha Porchat em São Vicente.

À tarde fomos passear na Escuna Tamburutaca. Foi quase duas horas de passeio e eu fiquei sentado o tempo todo. Fiquei com receio de me levantar e tontear e dar vexame. Mas o passeio foi muito gostoso e o mestre da escuna ia narrando pelo microfone as informações de cada lugar. Passamos pela Fortaleza da Barra, Ilha das Palmas, praias do Góes, do Cheira Limão e do Sangava - localizadas no Guarujá - e da Ilha de Urubuqueçaba, na divisa com São Vicente. Também vimos, sob um ângulo privilegiado, as praias do José Menino, Pompéia, Gonzaga, Boqueirão, Embaré, Aparecida e Ponta da Praia, todas em Santos. Na direção contrária, através do estuário e Canal de Bertioga, vimos o porto e seus armazéns, as construções antigas da Codesp, a Ilha Barnabé, a Base Aérea de Santos e a Ilha Diana, onde vive uma comunidade de 200 pescadores, os manguezais e parte da área continental de Santos. Também dava pra ver vários prédios inclinados. O mestre da escuna disse que 95% dos prédios da orla têm algum grau de inclinação, mas que os técnicos que fizeram essa avaliação disseram que não tem risco para os moradores (será que algum téc+.lltnico mora num desses prédios?). Achei o ingresso do passeio meio caro, R$ 20,00 por pessoa, mas como nunca tinha feito esse passeio, achei que valia a pena. Encerrando o passeio o mestre fez um sorteio e a Tell ganhou uma coca lata geladinha e uma miniatura da escuna, e ainda pegou no timão (imagina o risco que corremos?!).

Depois fomos conhecer o Museu da Pesca. Sabe o que tinha lá? Um tantão de esqueleto de peixes de tudo quanto é tamanho, e mais algumas curiosidades. Para quem gosta de peixe é uma boa pedida. Olha o tamanho do tubarão da foto aí. Esse esqueleto comigo ao lado, se trata de uma baleia de sete toneladas e com vinte e três metros de comprimento. Grandinha não?!

À noite fomos comer uma pizza no Van Gogh. Uma delícia! O problema é que serve aperitivo enquanto sai a pizza, e eu acabei entrando pra valer no aperitivo, e quando veio a pizza, só consegui comer quatro pedaços, só! A Tell comeu um e meio e o que sobrou, guardei no frigobar do hotel, e se ninguém de lá observou, deve tá lá até hoje! Pois só fui me lembrar disso quando já estava em Ubatuba.

Sábado levantamos cedo, tomamos café e pegamos a balsa (é de grátis!) para Guarujá. Fomos até a Praia do Pernambuco, águas claras e rasas, mas como as achei muito fria, não tive coragem de entrar no mar não, mas a Tell não perdeu tempo. Essa sabe aproveitar! Eu me satisfiz só de ficar sentado debaixo do guarda-sol admirando as pequenas ondas arrebentar na praia, e claro, bebendo coca-cola e comendo petisco de camarão com cebola a milanesa. Mais tarde fomos caminhar pela praia e quando nos cansamos ficamos encostados nas pedras da ilha. Aproveitamos também pra tirar água do joelho porque lá não tem banheiro público, aí o jeito foi entrar no meio das árvores da ilha. A prefeitura podia providenciar banheiro público nas praias do Guarujá como tem nas praias de Santos, não é?!

Retornamos à Santos no meio da tarde e pegamos o bonde funicular do Monte Serrat. São aproximadamente quatro minutos de subida. De lá tiramos algumas fotos da cidade de Santos e do porto. A vista é realmente muito bonita de lá de cima. O Cassino de Monte Serrat foi inaugurado em 1927, mas eu fiquei um pouco frustrado porque achava que pela fama, o lugar oferecesse mais entretenimentos aos turistas. Com relação à gastronomia mesmo, não tinha nada de interessante. Podia ter, por exemplo, um bom restaurante. Acho que falta um pouco de investimento. Lá em cima tem uma vila pequena e uma igrejinha, e do mirante dá pra tirar boas fotos. Nesse dia ia ter um casamento lá. Estava cheio de gente arrumando tudo para a cerimônia e festa. O pessoal que puxa e segura o bondinho pra cima e pra baixo, ia ter muito trabalho. Haja cabo!

À noite fomos convidados pelos nossos amigos Fernando e Nilce para jantarmos. Eles escolheram um restaurante diferente. Não me lembro o nome agora, mas sei que fica na Afonso Pena. Lá serve rodízio de espetinho. É só espetinho mesmo, mas de várias carnes, e tinha até uva e morango com cobertura de chocolate no espeto. Eu achei que a conta ia ser dividida e comi uns dez, mas na hora de pagar o Fernando não me deixou participar e pagou tudo sozinho. Obrigado Fernando! Da próxima, deixa comigo... vou comer o dobro! ;^) Também estava lá a Priscila, filha dos meus amigos e mais tarde chegou o casal Davi e Rosa, irmão e cunhada da Nilce. Tudo gente boa!

Domingo saímos cedo em direção a Ubatuba. Pegamos a balsa que atravessa para Guarujá e seguimos em frente. Pegamos a via Rio-Santos que passa a margem de várias praias, cada uma mais linda que a outra. Pena que não dava para parar toda hora para admirar com calma e tirar fotos.

Chegamos em Ubatuba pelas 13h e achamos uma pousada muito ajeitada. É a pousada Pousada das Artes da D. Arlete. O casal Francisco e Cristina é que são os responsáveis para manter tudo funcionando. A pousada é muito gostosa, são oito suítes temáticas, e cada uma representa um país. Ficamos com a da Grécia. Na sala da recepção fica uma garrafa de café, mas que não é só café, é café com leite. Eu ainda não tinha visto isso, porque normalmente só tem café preto nessas garrafas térmicas. Uma idéia legal! A D. Arlete é uma tremenda artista plástica e cada canto da pousada tem uma arte sua que encanta.

Depois de nos instalarmos, fomos procurar um restaurante. A Tell queria comer carne e eu achei foi bom, porque não sou fá de peixe. Aí achamos na praia das Toninhas o Restaurante Arrastão, muito acolhedor. Pedimos uma picanha na grelha. Que delícia! São quatro bifões no ponto servidos na grelha quente, com cebola e tomate, arroz com brócolis, farofinha com lingüiça e batatas fritas. Comi tanto que sai arregalado e me esqueci de tirar uma foto!

Na segunda fomos a Paraty. Sempre ouvi falar muito da cidade e quis aproveitar que estávamos tão perto e fomos passar o dia lá. O centro histórico é muito histórico (dizer mais o quê?!). Demos uma volta por lá, quase torcemos os tornozelos naquelas pedras. Como nossos predecessores sofriam, né!? Cansamos logo e fomos para uma praia atrás do monte que se chama Jabaquara. A vista é muito bonita e o mar calmo. Pode-se andar mais de cem metros mar adentro que a água só chega até as canelas. Mas a areia não é muito firme igual à de Santos. Tentamos caminhar, mas não deu. A gente se afundava na areia... quer dizer, eu né! Almoçamos num quiosque da praia mesmo, caminhamos mais um pouco pela cidade, tiramos fotos, compramos algumas coisinhas e retornamos a Ubatuba. Ah! Tomei um sorvete de capim cidreira. Já viu isso? Muito, muito bom... pra quem gosta!

Na terça o caixa já estava baixo, então, resolvemos pegar o caminho da roça, mas antes, passamos por São José dos Campos, Campinas, e paramos em Uberlândia. Na quarta fomos procurar a casa da sobrinha da Tell, e achamos, por incrível que pareça, mas não tinha ninguém lá. Aí rumamos para Paracatu, cidade da minha esposinha. À noite comemos um arroz com lingüiça na casa da minha cunhadinha Mírian que só ela mesma sabe preparar. Ficamos por lá quatro dias, passamos em Cristalina na casa da Yanne sobrinha da Tell, em Brasília almoçamos uma comida da hora na casa da D. Socorro e chegamos em Rio Verde no domingo à noite.

Em Paracatu, como sempre, acontecem coisas inusitadas. Uma manhã, às 5h30 fomos acordados pela Ruth e Florival com uma bandeija com pão de queijo quentinho, café, leite, e nescau. Não nos deixaram nem sair da cama. Tomamos o café da manhã ali mesmo. Dali eles foram fazer o mesmo em mais dois irmãos. Estavam animados!

Comi um prato na casa da Ruth e Florival que nunca tinha comido antes, é um tal de Galopé. É um cozido de galo com pé de porco. Tava da hora! Aliás, os almoços foram todos na casa deles. Ficamos instalados na casa grande de vó Lídia, mas tomamos as refeições lá.


Teve a comemoração do aniversário do meu cunhado Paulinho com arroz com carne de sol e galinhada, mas dessa vez eu comi pouco porque estava de noite. Só dois pratinhos!


Também teve o sábado em que a Maria, irmã do nosso cunhado Pedrinho, fez um grande almoço em seu rancho, e até a Tell aproveitou para pescar, ou melhor, tentar.


Teve também as pizzas que Dácia pagou na pizzaria do Paracatuzinho que estavam muito saborosas. Tudo muito bom!

Teve uma tardezinha que a Tell, Dácia, Queijo, Cida e Flávia foram visitar o túmulo da minha sogrinha. Só que se esqueceram da hora, e quando resolveram ir embora, acreditem... ficaram presos no cemitério. A senhora responsável pela chave do portão do cemitério, fechou o portão na hora certa, e não percebeu que ainda havia gente lá dentro. Tinha uns rapazes do lado de fora sentados no banco de concreto, e o Queijo gritou pedindo ajuda pra eles. Só deu neguinho correndo e Queijo gritando... Ôôô, gente, eu tô vivo, eu tô vivo!!! Ai perceberam que se tratava de gente viva mesmo, e foram chamar a dona da chave do portão que mora lá perto. A dona foi abrir o portão toda desconfiada porque a Tell tirou foto dela, e ela achou que era para dedurá-la ao prefeito. Mas ficou tudo bem. E mais uma história pra ser contada pros netos.

Para encerrar as férias, fomos passar os últimos dias em Mineiros na casa do nosso filho caçula Victor e nossa norinha legal que faz pudinho Leandra. E assim, acabamos nosso relato das férias de julho de 2008.

Ficamos muito satisfeitos com essas férias. Gastamos muito, e agora vamos ter que economizar até no papel higiênico, ;^) mas valeu a pena. Já estamos pensando para o ano que vem. Se Deus quiser, dessa vez vamos levar a família toda. Vai ser uma farra boa!

Ao Senhor nosso Deus agradecemos por ter proporcionado dias tão agradáveis, pelo cuidado, proteção e presença constante durante as férias. A Deus toda glória!


As fotos das férias estão no Orkut.

domingo, 13 de julho de 2008

ESBOÇO DE UMA VIDA - parte 10

O ano de 1948 começou nos surpreendendo, com algumas decisões inesperadas da família. Meus avôs começavam a sentir o peso dos anos, particularmente minha avó, que sofria bastante em virtude de uma bronquite-asmática, precisava da presença constante de minha mãe, que era obrigada a deslocar-se do Frigorífico Anglo (Barretos) para Jaboticabal. Diante desse quadro, a contra gosto do velho Zéca Coelho, a solução que melhor pareceu aos meus pais, foi a venda do sítio. Um senhor, membro da Congregação do Frigorífico, Sr. Benedito, bom crente e bom amigo, aposentara-se de sua atividade no Frigorífico e como se mostrasse interessado, em pouco tempo, pressionados mais pelas contingências familiares, meu avô sacramentou o negócio, cujas condições foram aquelas, comuns, a pais e filhos.
Vendido o sítio, nos transferimos todos para o Frigorífico.
O velho Zéca Coelho, pouco parou ali. Foi para Patos de Minas, passar uns tempos com o filho adotivo Pedro Coelho da Cunha, proprietário de um sítio, na Mata dos Fernandes, onde exercia a profissão de “dentista prático”, e desenvolvia um pequeno estabelecimento comercial no ponto de ônibus, o que lhes permitia oferecer aos passageiros: café, leite, quitandas e salgadinhos. Tia Clara, a esposa, era excelente quitandeira. Vovô se deliciava cultivando milho, mandioca e verduras. Ele não sabia ficar inativo.
As coisas, todavia, não se ajustaram muito bem a minha condição estudantil, que deveria, agora, ser desenvolvida no 2º grau, preferencialmente, no Curso Clássico, o mais indicado para quem planejava o Curso Teológico. Acontece que, Barretos, só oferecia o Científico, o Curso de Contabilidade e o Curso de Professor Normalista. Hoje, depois de tantos anos, sinto que na verdade, foi a precariedade das condições financeiras da família, o motivo que embaraçou as decisões a ser tomadas. Pois, o Seminário não tinha como, via de regra, obrigatoriedade pelo Curso Clássico. Apenas, que julgavam-no mais adequado. O que importava era ter-se concluído o 2º grau. Esta era a exigência.
Cabe aqui, em face desta preferência, uma pequena digressão. Como não era muito comum a existência do Clássico, na rede escolar estadual e nem particulares, foi criado em Jandira, subúrbio de São Paulo, o Instituto “José Manoel da Conceição”, o qual atendia não só aos candidatos ao ministério, mas a outros que não pretendiam o Ministério. O Colégio atendia não só a Igreja Presbiteriana do Brasil, mas também a Igreja Presbiteriana Independente. Os estudantes que demandavam aos seminários da IPB ou da IPI, iniciavam-se em algumas matérias do Teológico. Daí o Conceição ser considerado como um “Seminário Menor”. No meu caso, parece que como num ato falho, ninguém pensou nessa alternativa, que incluía, indispensavelmente, a co-participação da própria Igreja.
Posto isto, voltemos à realidade do ano de 1948. Entendendo, pessoalmente, o desgaste financeiro da família, e as preocupações com os novos encargos familiares, sugeri ao meu pai que eu gostaria de trabalhar aquele ano, a fim de compartilhar das lutas e necessidades, pressentidas. Surgiu uma vaga no escritório do Frigorífico Anglo, um funcionário estava de aviso prévio, reivindicando uma nomeação para funcionário do estado. Trabalhei por trinta dias, ao fim dos quais o funcionário retornou ao seu lugar, porque a sua nomeação não saíra. Senti-me frustrado, levando no bolso o salário recebido, fui para casa. Meus pais estavam em Barretos. Só tive minha avó e a “tia” Galdina para compartilhar a frustração daquele momento.
“Ao Deus único e sábio seja dada glória, por meio de Jesus Cristo, pelos séculos dos séculos. Amém!” (Rm. 16:27)
Não tive muito tempo para curtir minha frustração. Nós morávamos na Fazenda do Anglo, separada da Vila Pereira (bairro de Barretos), pelo ribeirão. O Patrono da Vila, o proprietário do loteamento, um português de nome Sr. Júlio Pereira, tinha, funcionando no seu armazém, um posto telefônico. Assim é que um seu empregado, foi até a nossa casa, para nos avisar que às 17:00h, daquele dia, alguém deveria estar presente no posto, para atender a um interurbano de São José do Rio Preto (região da araraquarense), Barretos ficava na região da Paulista.
Fiz-me presente às 17:00h no posto telefônico, e para minha surpresa, do outro lado da linha uma voz grave, sonora, comunicativa, ao saber quem do lado de cá estava a atende-lo, me disse: Então você é o Milburges Gonçalves Ribeiro, parente do Rev. Jorge Goulart? Pois bem, você já está matriculado no 1º Clássico, no Colégio Estadual de S. J. do Rio Preto, e vai residir em minha casa.
Como era hora da passagem do ônibus, Barretos-Frigorífico, e meus pais deveriam esta nele, eu o tomei nessa esperança, porque não me continha mais sem compartilhar toda a gama de sentimentos que me tumultuavam. Realmente, papai e mamãe lá estavam e ficaram admirados de me verem e com a cara espelhando uma emoção forte. Da Vila Pereira até nossa casa, foram dez minutos, insuficientes para colocar meus pais a par de tudo.
A perplexidade era grande, pois não entendíamos o que, de fato, acontecera.
(Aos amigos que têm compartilhado aqui esses textos da vida do meu pai, peço que aguardem os próximos para o mês de agosto. É que tirei uns dias de férias e em agosto, se Deus permitir, retorno. Deus abençoe a todos!)

terça-feira, 8 de julho de 2008

QUANDO EU CRESCER, QUERO SER POLICIAL!


Até quando o governo, as entidades representativas, nós, cidadãos comuns, todos,... vamos permitir tudo isso? Será que não existe gente com inteligência no governo capaz de criar um sistema de segurança policial que funcione? Será que os chamados intelectuais do Brasil não podem se unir e elaborar um projeto prático para melhorar nossa segurança pública? Sei lá! Eu sou um burro, mas tem tanta gente capaz... Por que não se unem ou mesmo sozinhos, não dão idéias para o governo. Por que não direcionam o dinheiro apreendido das quadrilhas, do narcotráfico e tudo que é de gente que rouba, das multas aplicadas sobre as empresas ou pessoas físicas mesmo, para o treinamento da polícia? Para ser um médico, um engenheiro, um contador etc. é preciso cursar uma faculdade..., por que não criar um sistema de treinamento policial similar à faculdade, com bastante treinamento em todos os tipos de situações possíveis? o policial teria no mínimo quatro anos para ser treinado antes de ser posto em campo. Os salários tinham que ser ótimos para despertar o interesse de pessoas com condições de serem mais bem preparadas, tinha que ter benefícios assim como as grandes empresas... No mais, treinamento, treinamento e treinamento, sempre. Não é assim que fazem as empresas organizadas? Investem em treinamento porque sabem que o retorno é garantido? Quem sabe ainda vou ver esse dia, o dia em que as pessoas sintam prazer em cumprimentar seus policiais ao invés de virarem o olhar com temor, as mães pararem a polícia na rua para seus filhos pegarem em suas mãos “amigas”, e se as crianças falarem, “quando crescer quero ser policial”, isso dê orgulho aos pais e aos próprios policiais... É bem provável que eu não veja esse dia, mas o menino João Roberto poderia... sim... poderia!

quarta-feira, 2 de julho de 2008

ESBOÇO DE UMA VIDA - parte 9


Como meus pais queriam se despedir dos parentes em Araguari, meu avô precisando ver alguns negócios pendentes naquela cidade e ainda, a necessidade de meu pai resolver, também, algo junto à Previdência, fizeram, tais motivos, que eu seguisse junto com a mudança, que ia de caminhão. Assim, seguimos nós rumo para Araguari e eu para Ribeirão Preto, onde a mudança ficaria armazenada até termos definida moradia em Jaboticabal, cidade próxima.
A viagem transcorreu tranqüila até Uberlândia, onde pernoitamos. Em Uberlândia aproveitei a oportunidade para visitar e rever meus avós paternos Cirilo e Mariana. No dia seguinte, seguimos sem novidades até Ribeirão Preto, onde pernoitamos, para no dia seguinte descarregarmos a mudança, num armazém da Mogiana.
Meu pai me autorizara a esperar pela família em Ribeirão Preto, porém, eu resolvi seguir para Jaboticabal. Sabia, apenas, de que um dos líderes da Igreja, se chamava Floriano Simões, e que era o tesoureiro dos Correios. Hospedei-me num hotel de evangélicos, os Mazzeo, que brevemente estariam se mudando para Santos. Todavia, assim, que me encontrei com nosso irmão Sr. Floriano, ele não me permitiu ficar no hotel. Pegou a minha mala, justificou-se com nosso irmão Sr. André Mazzeo, que, na verdade já entregara o hotel aos novos proprietários, e agasalhou-me em seu lar, até que minha família chegasse.
Foi uma semana muito agradável. D. Antonieta, a dona da casa recebeu-me como a um filho, as filhas como se irmão delas. Eu que alimentava desconfianças sobre a hospitalidade paulista, fui desarmado da minha prevenção. A família do Sr. Floriano estava totalmente integrada e envolvida com a vida da Igreja Presbiteriana de Jaboticabal.
Ao fim de uma semana, finalmente, a família chegou, e, todos nos hospedamos no hotel, que fora dos irmãos Mazzeo. Por uma semana, permanecemos no hotel, até que encontramos uma residência adequada, não muito distante do templo.
Enquanto aguardava a chegada da família, de posse da Transferência Escolar de Anápolis, GO, fui até ao Colégio Estadual “Aurélio Arrobas Martins”. Na secretaria do Colégio, a secretária, D. Iracema, constatou que a documentação estava correta, mas não me identificou como aquele de que o documento fazia referência. Olhou-me dos pés à cabeça e parece que não se convenceu de que aquele “jovem cowboy”, diante dela, pudesse ser um estudante. Então, lhe perguntei: “será que não tenho jeito de estudante?” Ela, embaraçada, admitiu e, sorridente deu-me a mão como sinal de boas vindas, ou, está tudo certo “. Matriculara-me na terceira série ginasial. À partir daí não tivemos mais embaraços com a continuidade dos meus estudos.
Começamos a sentir que, de fato, os Caminhos da Providência nos tinham conduzido para Jaboticabal. A cidade limpa, acolhedora, enfrentava o grave problema da escassez de água. Como o precioso líquido nos faltasse, na primeira casa, fomos obrigados a nos mudarmos para outra casa, bem distante da Igreja. Logo, logo surgiu o problema da falta de água. E, agora? Aconselharam-nos a mudarmos para as dependências da zeladoria, desocupada, na ocasião.
Ali não havia falta de água, porque fizeram um depósito ao nível do chão, quando a água da caixa terminava, bastava ligar o motor e o problema estava resolvido. Tudo ia bem. Meu avô comprara um pequeno sítio, cerca de três quilômetros do centro da cidade, onde uma cisterna com bastante água lhe supria as necessidades. A irmã de criação de minha mãe, a “tia” Galdina, fazia companhia aos velhos Zéca Coelho e Isolina Goulart. É inenarráveis a fidelidade e desprendimento dela, para com os seus velhos pais adotivos. Ela tinha sido, desde a sua infância, conduzida aos pés de Jesus, pelos pais adotivos.
Algo, entretanto, começou a medrar na Congregação, que viria molestar e entristecer os obreiros Marcílio e Gersonita, e a mim, tão jovem, revolta. Alguns irmãos, “preeminentes”, alguns se julgando assim mais que outros, não aceitaram muito bem a troca efetuada pela Missão: o missionário Rev. Dr. Eduardo Lane, que não apenas era Pastor Ordenado, mas homem de recursos, por obreiros leigos. (Interessante é que um desses “líderes” estudara no IB de Patrocínio).
Incompreensível e inaceitavelmente, propuseram a meus pais que, pela casa, fizessem o serviço de zeladoria da Igreja. Sem um protesto, eles aceitaram a nova incumbência que lhes foi imposta. Como me doía ver meu pai, descalço, as pernas da calça levantadas e ele e minha mãe lavando, esfregando, encerando, ornamentando, para depois, à frente da Comunidade, exercer o ministério. Eu nunca me furtei a ajuda-los, mas não aceitava tranqüilamente a situação. Foi então, que o Pastor encarregado da ministração dos Atos Pastorais, o Rev. Adauto Dourado de Araújo, tomando conhecimento do que estava ocorrendo, exigiu que se contratassem zeladores para a Igreja, porque esta não era a obrigação dos Evangelistas, aos quais ele valorizava considerando-os como os verdadeiros pastores da Igreja.
Esta atitude do Rev. Adauto, foi reconfortante aos meus pais, restaurando-lhes muito da estima própria. “O irmão, porém, de condição humilde glorie-se na sua dignidade”. (Tg.1:9)
Deus, entretanto, já tinha acionado eventos que iriam mudar tudo. A Missão Oeste do Brasil e o Presbitério de Rio Claro, entraram em mútuo acordo, e a Missão entregou a Igreja de Jaboticabal, ao campo que incluía Guariba, Taquaritinga, reservando-se a jurisdição da Igreja de Barretos, e da Congregação Presbiterial do Frigorífico-Anglo.
Concluída a terceira série em 1946, tendo a família reunida, o ano de 1947 trouxe de novo a necessidade de mais uma mudança. Meus pais foram assumir a Congregação do Frigorífico-Anglo, em Barretos. Eu permaneci em Jaboticabal, com meus avós, no Sítio. Ainda bem que a minha velha bicicleta, quebrava o galho da ida ao Colégio, Escola Dominical. Aos domingos eu ia aos cultos à pé.
No sítio, eu era o companheiro do meu avô, o melhor e mais querido amigo da minha infância, ajudando-o em tudo, dentro da disponibilidade de tempo com o Colégio e tarefas escolares.
Eu aprendi a manejar eficientemente um novo tipo de caneta: o cabo da enxada. Aprendi, também, a manejar o arado puxado a animal, uma égua possante. Entre as ruas do cafezal, plantava-se arroz para o consumo. Eu cortava com o cutelo e depois de um período, para secagem, batia-se os feixes no jirau adequado. Quando o café estava maduro, era hora da colheita. Plantávamos milho e mandioca. O pomar tinha uma variedade de frutas: jabuticaba, abacateiros, laranjeiras, fruta do conde, laranja cravo, carambola, figo, abacaxis. O mercado de frutas de Jabuticabal se saturava logo, e o jeito era vender o que se podia aos revendedores, que comerciavam com São Paulo. Eles nos deixavam as caixas e nós condicionávamos as frutas. No sítio tínhamos uma grande moita de bambu. Um homem que fabricava cestos, começou a fabricá-los à meia. Os cestos eram vendidos para os pequenos produtores de café. Alguns eram usados no sítio para a colheita do nosso próprio café. A minha “tia” Galdina , era perita em torrefação de farinha de mandioca, bem torradinha e de “beiju”. Os balaios eram úteis para acomodar a farinha. Fizemos uma divulgação, verdade que muito pequena, mas a procura pela farinha do “seo” Zéca Mineiro, cresceu. Em todo esse esforço eu tive uma boa parcela de participação.
A vida na Igreja ia bem, embora não tivéssemos pastor ordenado, mas um licenciado ao Ministério, o Bacharel Hélio Cerqueira Leite. Excelente orador, de temperamento afável, solícito, bom de violão e com uma voz agradável, ele compartilhava assim o seu interesse pela mocidade. Após a sua ordenação ele foi para Itápolis, pastorear a Igreja ali.
O que fazer nesta situação? Nós, os membros da Congregação, adultos e jovens nos revezávamos na direção dos trabalhos na sede, e nas congregações de Guariba, Taquaritinga, pontos de pregação, Monte Alto, Lusitana e Fazenda São João.
Finalmente, 1947, chegou ao fim, e lá estava eu todo enfarpelado, vestido de azul marinho (casimira), gravata borboleta, recebendo numa festiva cerimônia, o meu certificado de 4ª série (antigamente “bacharel em humanidades”). Minha madrinha, a professora evangélica, D. Alice de Campos Barreto. (O terno de formatura foi presente dela).
Após a festiva cerimônia, que se prolongou pela noite à dentro com orquestra e danças para os não evangélicos, de posse do “meu tão querido e sonhado” certificado, meus pais, meus tios João Galante e Orozina (irmã do meu pai), que nos visitavam na oportunidade (residiam em Araguari, MG), e eu, retornamos ao sítio, onde, juntos e alegremente, compartilhamos uma farofa de frango, à mineira.
Diria, com a Palavra: “Até aqui nos ajudou o Senhor, Ebenezer.”

terça-feira, 24 de junho de 2008

ORE POR BEATRIZ FARIA SERVINDO O SENHOR NA ÁFRICA

Há alguns anos firmei o propósito de contribuir financeiramente para a Obra Missionária. Antes eu pensava que por não ter condições de contribuir com uma quantia relevante, não valeria a pena contribuir. Eu estava enganado. Muito enganado! Quantos missionários eu perdi a oportunidade de ajudar por pensar assim?

Na verdade sempre fui incomodado, como se uma voz estivesse sempre falando ao meus ouvidos: é preciso prestar atenção naqueles que dão a vida nos campos missionários.

Eu nunca tive a convicção de seguir esse caminho. Creio que é Deus quem capacita aqueles a quem escolhe, mas nunca me senti inclinado a ser um missionário. Porém, sempre tive a impressão que Deus queria me envolver de alguma forma em missões.

Certa vez, trocando e-mail's com um pastor muito querido, ele me disse o seguinte: "Contribuir é algo que muda a vida da gente. Muda as referências e prioridades. Altera a sensação de prazer e de realização. Subjuga o poder do Diabo como Dinheiro em nossa vida. Eleva os alvos da vida. Faz pensar nos outros; especialmente, muitas vezes, naqueles que nem conhecemos. E, entre outras coisas, nos põe no caminho da generosidade e da fé que lança o pão sobre as águas para só achá-lo depois de muito tempo... E mais, contribuir assim, ativa o princípio espiritual da Vida; pois, Vida é dádiva, é doação, é Graça."

Então, comecei a contribuir. É pouco. Sei disso. Mas a minha contribuição somada a de mais outro irmão, e de mais outro, e de mais outro... ajudam no sustento de muitos missionários.

Tenho enviado ofertas para a Missionária Beatriz Faria (foto aí em cima), e sei que Deus tem os Seus meios para multiplicar os recursos.

Se você que me lê, quiser contribuir também, se desejar, pode começar com essa serva do Senhor que vive para levar a Palavra que Liberta aos povos da África.

Seus dados:

BEATRIZ FARIA - Bradesco - Agência: 0543-6 - C. Poupança: 86589-3

Se quiser se corresponder com ela:

biafrica@hotmail.com ou biaafrica@gmail.com

Lembre-se: "Deus só pode abençoar as pessoas pelos nossos dons se os partilharmos".

segunda-feira, 23 de junho de 2008

ESBOÇO DE UMA VIDA - parte 8

Bem, o certo é que o meu relacionamento com o Dr. Brasil ficou arranhado e por isso não me senti encorajado a enfrentar a situação. Fizera a segunda série ginasial e de posse da competente transferência, fiquei de férias durante todo o ano de 1945. O tempo era ocupado com atividades na igreja, desfrutando com meu avô e com o amado irmão, Sr. Manoel Calixto (hoje centenário em Brasília), da caça e pesca, nosso esporte preferido. Outro passa tempo, talvez incompreensível para muitos, era estar na fazenda do Sr. José Alves Ferreira, Fazenda Cachoeira, bem maior que a do Monjolinho, doada a um dos genros, enquanto ali, auxiliava nas lidas da fazenda, “batendo pastos” com foice, ajudando na fabricação de tijolos (tinham uma olaria de bom tamanho na fazenda), ou, o que mais me agradava, fazer, a cavalo, o remanejo do gado nas invernadas. Tudo isso, é claro, sem nenhuma remuneração, pois o que contava era sentir o carinho e a amizade daquele ancião muito especial, o patriarca de uma grande família, como também da Comunidade Presbiteriana.
Em 1944, último domingo de julho, fiz a minha Profissão de Fé, com o Rev. James R. Woodson, o pastor que me batizou na minha infância. Tinha eu, quinze anos e tive como companheiro, o irmão Luiz Elias Ferreira, Maria Elias (a tia) e Divina Alves de Souza (nora de José Alves). Luiz Elias é hoje Presbítero Emérito da Igreja, e as duas irmãs continuam firmes na fé.
Retornando a 1945, nós temos como marco político-histórico muito importante para o Brasil, o fim do período da ditadura Vargas e inicia-se o período democrático-representativo, com a eleição do Mal. Eurico Gaspar Dutra, como Presidente da República. Neste ano de 1945, o mundo começou a desfrutar de paz, com o fim da guerra 1940-1944, e no Brasil, o novo governo e o Congresso, resolveram mudar os nomes de várias cidades brasileiras. Assim é que Pouso Alto passou a ser chamada de Piracanjuba, em virtude do Rio Piracanjuba que lhe cortava as terras.
Nosso irmão Luiz Elias Ferreira, resolveu construir a sede de sua fazenda, São Pedro. Para a realização do projeto, foi contratado o nosso irmão Sr. José Elias, querido irmão dos meus tempos de infância, seus filhos meus companheiros daqueles tempos, tinha sua equipe de pedreiros, serventes, nosso irmão Paulico, um rapaz meio simplório, o Pedrão, e o Joãozinho (filho do Sr. José Elias). Joãozinho era meu companheiro inseparável, mas durante o tempo da construção ele estaria na fazenda. Entretanto, como o serviço carecia de mão de obra, eu me ofereci para ser mais um servente. O salário era de dez mil réis por dia, mas como eu não tinha nenhuma experiência, eu me propus ganhar sete mil réis. Proposta irrecusável para a “mãozinha fechada” do “seo” Zé Elias. Foi um período duro: suprir os pedreiros (muito rápidos) de tijolos e barro, e naqueles dias era necessário cortar a madeira na mata, puxa-la com o auxílio de bois, e depois serra-la, nas proporções necessárias ao madeiramento: vigotas, caibros e ripas. Foi uma boa escola, não resta dúvida.
Nesta ocasião, meus pais tinham viajado para Campinas, SP., onde meu pai se submeteu a uma cirurgia nos olhos. De Campinas, eles foram a Jaboticabal, visitar o casal de missionários Dr. Lane e D. Mary (antigos missionários em Araguari e Patrocínio). D. Mary, ao tomar conhecimento das dificuldades que os velhos amigos Marcílio e Ninita, estavam tendo com a minha educação, influenciou seu esposo Eduardo Lane a pedir a transferência deles para Jaboticabal, porque eles estavam se aposentando e de mudança para Campinas. A Missão aprovou a indicação. De sorte que, ao retornarem à Piracanjuba, fomos impactados fortemente com a notícia, que nos deram. A Igreja ficou muito consternada, porque o relacionamento com os obreiros, e a família dos mesmos, era excelente. Meus pais, ao chegarem de Campinas se surpreenderam, por não me encontrarem em casa e, mais ainda quando souberam que eu estava trabalhando de servente de pedreiro, para o “seo” Zé Elias, na construção do Luiz Elias. Chamaram-me incontinente, porque era necessário que eu, também, tomasse conhecimento dos novos planos, os quais, certamente, determinariam mudanças sérias em nossas vidas, particularmente quando eu me sentia como “o motivo” dessas decisões. Confesso que, de imediato, resisti à idéia de mudar-me para o Estado de São Paulo. Meu avô partilhava desse sentimento, mormente porque estava de negócio quase fechado, com uma fazendola, próxima à cidade, com muita água, boas terras, e instalações muito boas e adequadas, e ele, praticamente, estava contando com a minha participação, já que o neto era o objetivo especial, daquele projeto.
Em janeiro de 1946, nos transferimos de Piracanjuba, Goiás, para Jabotical, São Paulo, após uma despedida embebida em lágrimas e muito pesar. Como é preciosa a amizade cristã, quando legítima e autêntica. A distância agora era grande, mas a amizade nutrida e fortalecida ao longo de tantos anos, permaneceria firme, até os dias atuais.
Partimos nós, deixando para trás amigos mais queridos que irmãos, inconsoláveis e não entendendo a razão de ser dessa abrupta mudança. Entretanto, a Palavra nos declara: “Os meus pensamentos e os meus caminhos, são mais altos que os vossos caminhos e pensamentos”.
Entregamo-nos, simplesmente, às mãos da Providência.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

ESBOÇO DE UMA VIDA - parte 7

A congregação em Ipameri desfrutava de momentos felizes e promissores, o ambiente era agradável e solidário. Grandes e duradouras amizades, algumas antigas desde os tempos de Araguari, como o Sr. Armando Carneiro de Castro, tio dos Revs. Saulo de Castro e Wilson de Castro. Uma sua nora, viúva do Delermano, D. Guilhermina Carneiro Vaz, mãe de numerosa família, era uma mulher extraordinária. Crente fiel, ativa, generosa e liberal, desfrutando de recursos financeiros razoáveis, era proprietária de uma padaria e também uma fazenda para o norte do estado. Ela e minha mãe tornaram-se excelentes amigas, ambas haviam nascido no dia trinta de dezembro de 1900. Três de seus filhos foram meus colegas de admissão e primeira série, o Zé Vaz e a Dalva e a Lindomar (Fia).
Porém, o ano de 1943 trouxe novamente mudanças no plano educacional, com a transferência de meus pais, acompanhados, como sempre, dos meus avós, para Pouso Alto, ponto de referência nas mudanças do contexto de nossa família. Eu não os acompanhei, permaneci em Ipameri, desfrutando da hospitalidade de D. Guilhermina (D. Lilica). Os seus filhos José Carneiro, Dalva, Lindomar, Antônio (o Fifa) e Nanci (a Titã) e o Armando (o Zizito), em quarenta e três, foram para o Instituto Gamon, de Lavras, MG. Com a ausência deles, a minha situação ficou complicada, pois não dispondo de meios, não tive como adquirir o material escolar. Eu me beneficiara, sempre, compartilhando dos livros dos Carneiros Vaz.
Depois de alguns dias, eu decidia deixar o colégio, e por cerca de três meses, comecei a lidar na padaria, aprendendo logo o serviço de mesa, mas o que me deliciava era a oportunidade de conduzir o carrinho puxado a animal, para a entrega dos pães. O padeiro que trabalhava, também nesta entrega, fora acidentado e eu o acompanhava dirigindo o carro. Foi uma experiência agradável, mas os estudos abandonados.
Comuniquei aos meus pais a situação, e eles compreensivos, autorizaram o meu retorno ao lar. Retornar a Pouso Alto foi muito gostoso, pois tinha ali bons e queridos amigos da minha infância. Integrei-me logo no seio da mocidade, participei do pequeno coral, integrei, também, o Esforço Cristão, sociedade que aglutinava homens e senhoras, e entre ele um adolescente de quinze anos incompletos. Neste período, trabalhei como “amanuense” da Coletoria Municipal, no recadastramento dos contribuintes, aproveitando o racionamento do sal. Era ocasião da guerra. Muitos criadores declaravam uma quantidade de animais, muito aquém do que realmente possuíam. Agora, a coisa mudara, porque com o racionamento, cada proprietário receberia uma quota, aquém do necessário. A Prefeitura, desta maneira, atualizando o cadastro, fez novos lançamentos, o que aumentou a arrecadação para o ano de 1944. Mas o serviço foi concluído e eu fiquei desempregado. Porém, como a Prefeitura acabara de construir o novo grupo escolar e não tinha mão de obra para o assentamento dos vitrais, o meu pai que entendia do assunto e que estava colaborando como Tesoureiro da Prefeitura, substituindo um tesoureiro corrupto. Meu pai media, cortava os vidros, preparava a massa de fixação dos vidros, e preparou uma equipe para o assentamento, inclusive o filho, que além do serviço, ficou encarregado do apontamento, que avaliava o rendimento de cada um. O pagamento era proporcional ao rendimento de cada um, dada a urgência da obra. A vida é assim, de amanuense escrevendo a máquina e a mão, para vidraceiro sujo de maça e dente.
Finalmente, em 1944 o Rev. James Woodson, ofereceu-me uma meia bolsa, para o Couto Magalhães, em Anápolis, GO. A bolsa era restrita ao ginásio, mas não abrangia o internato, cama e mesa. Comecei uma outra fase de ocupação: a faxina da escola, o cuidado com os banheiros masculinos. Imaginem, o que a acontecia: meninos do primário, de lugares longínquos de Goiás, ao ponto de que nunca tinham usado uma privada patente com descarga, faziam suas necessidades, então, no piso do banheiro e eu tinha que limpar e lavar tudo. O estomago ficava todo embrulhado, porém, nunca me queixei, e nem comentei com meus pais.
Neste contexto, cumpre-me uma confissão inevitável, apesar de uma razoável aplicação pregressa, eu nunca fora um exemplo de comportamento. Vivia costumeiramente de arrepio com a disciplina escolar. Não era malcriado com os professores, nem briguento, mas achava-me o palhaçinho da classe, e reinava para valer. Quantas vezes, experimentei o desprazer de ficar de joelhos, sobre grãos de milho, na sala da diretora D. Iolanda, uma professora muito distinta, porém, da velha guarda. “A letra com sangue entra!”
Contudo, pelo fato de estar, agora, longe de casa, no internato, e tendo que trabalhar naquele custoso serviço, já referido, o meu temperamento extrovertido, moleque mesmo, foi arrefecido. Com isso, encarei seriamente os estudos, o serviço, já que o exílio tinha por objetivo definido: estudar. De sorte que, ao receber o primeiro boletim mensal, fiquei alegremente surpreso, com as notas e especialmente, pelas observações: Aproveitamento: ótimo; Comportamento: ótimo. Meus pais, ao receberem o Boletim, escreveram-me, cumprimentando-me pela vitória, inclusive o meu pastor Rev. James Woodson.
Esta experiência positiva, à partir daí, determinou uma mudança radical no meu comportamento. Tanto assim, que depois de dois meses, o Prof. Brasil, promoveu-me a auxiliar de disciplina do colégio, integrando-me à equipe, por ele escolhido, para tal fim. Sentir-me útil e responsável foi muito gratificante, os resultados acompanharam-me para sempre, e nunca mais fui castigado por indisciplina. Passei a ver os meus professores como bons e respeitáveis amigos e fui recompensado pela estima deles.
Todavia, algumas atitudes do diretor, apesar de espontâneo e às vezes brincalhão, eram incompreensivelmente autoritárias e arbitrárias. Naquele tempo, quiçá, muito preocupado com dinheiro. Tanto assim, que para ter espaço à mesa do refeitório, tive que cuidar da alimentação, procurando a pensão de D. Tia Couto (abençoada irmã que me tratou mais como filho do que freguês); quanto ao dormitório, no velho salão de culto presbiteriano, passei a dormir numa dependência inacabada, nos fundos do terreno, compartilhando com o “marceneiro”, João Alvim, um espaço nas dependências da sua oficina.
Surpreenderam-se comigo, pois somente, agora, quando comecei a alinhavar estas memórias é que me conscientizei de que tendo o curso ginasial, já coberto pela bolsa oferecida pelo Rev. James Woodson, e não me alimentando e nem mais dormindo no dormitório, eu continuei com aquelas atividades que complementariam as minhas despesas. Só hoje é que eu me dei conta do acontecido. Contudo, dou graças a Deus por tudo.

terça-feira, 10 de junho de 2008

ESBOÇO DE UMA VIDA - parte 6

Retornamos a Pouso Alto, e neste retorno minha avó Isollina Goulart, estava conosco.
Resolveu-se fazer uma pintura e reforma nas acomodações reservadas para uso do obreiro e sua família. O que nos levou de volta à Fazenda Monjolinho. Em Araguari, meu avô liquidou os negócios, vendeu a fazenda, o gado e aplicou o capital numa Casa Bancária, na transação da fazenda recebeu uma boa casa residencial bem alugada. Era casa adequada ao comércio, o que lhe permitiu de imediato um inquilino que lhe pagou um aluguel razoável, para aquele tempo.
Zéca Coelho, apenas não vendeu um cavalo marchador, um baio, com que presenteara a esposa. Seguiram, os dois, por estada de ferro, até Pires do Rio, de onde a cavalo seguiu para Pouso Alto. Nunca me esquecerei daquela tarde, quando meu avô, todo empoeirado, chegou a Fazenda Monjolinho, do irmão José Alves Ferreira, montando o baio de minha avó. Era tempo, ainda, da moagem de cana.
Poucos dias após a chegada do meu avô, retornamos à cidade, pois meu avô alugou uma casa grande, que nos acolheu a todos comodamente.
Em Pouso Alto comecei a estudar. Já fora alfabetizado por minha mãe. Passei pelo grupo escolar da cidade, dirigido por uma diretora carola. Não demorou muito, depois de uma violenta agressão praticada contra mim, levei uma canivetada, a diretora simplesmente pediu a meu pai que me tirasse da escola. Daí, fui estudar com D. Nházica, uma professora particular, de poucos recursos, membro da Igreja, e que ainda usava a palmatória. Depois, como duas irmãs abriram uma escolinha, na casa da mãe delas, passei um período sob a tutela delas. O que foi muito bom. Ambas evangélicas, assim como toda a família, fruto do trabalho do meu pai.
Ao final do ano de 1935, o Rev. David, avaliando os resultados do trabalho realizado, por Marcílio e Gersonita, aconselhou-os a fazerem o curso de evangelista, no Instituto Bíblico de Patrocínio, MG. A Missão providenciou e subsidiou tudo. Assim, no começo de 1936, mudávamos todos nós para Patrocínio. Desta vez o cavalo baio de minha avó, não nos acompanhou. Foi necessário vende-lo. Até o meu jumentinho, presente do meu avô, foi vendido.
Os anos de Patrocínio passaram rápidos, mas felizes e abençoados. Matriculou-me na Escola Erasmo Braga, da Igreja. Aí, sim, tive professores qualificados e competentes, autênticas, servas do Senhor. Ali fiz, oficialmente, porque a escola era reconhecida, os 1º e 2º anos primários. Preciosas amizades se desenvolveram nesse período. Colegas da escola e companheiros da Escola Dominical. Um dos bons colegas, e companheiro de infância, foi o Joãozinho Lane, filho do Dr. Eduardo e D. Mary. Jogávamos bolinha de gude, peão, fazíamos nossas artes juvenis, e ele me ensinou a andar de bicicleta, ele e o irmão mais velho, Eduardo, estudante em Lavras.
Terminando o curso no IB, meu pai foi solicitado a administrar a construção de acréscimo a um dos prédios, bem como da reforma do telhado das instalações centrais. De novo a velha profissão de Mestre Carapina, foi útil, mas ficamos retidos em Patrocínio, durante todo o primeiro semestre de 1938, porque o tempo chuvoso atrapalhou a marcha das obras.
Entra em cena, novamente, o nosso Rev. David, nosso amigo do coração. Marcílio e Ninita, agora, estavam sendo convocados, para colaborarem com a Igreja de Araguari e seu campo. Fomos residir com os meus avôs, na residência deles, até que a Igreja adquirisse uma nova casa pastoral, para onde os missionários se mudaram, e nós fomos para a velha casa pastoral, muito grande, confortável, acolhedora e com o quintal enorme, com muitas árvores frutíferas. Que saudade daquela casa da rua Bueno Brandão.
Fui matriculado numa escola particular, porque no grupo escolar, sendo já meados de 1938, não havia como me receberem.
A Professora Estherzinha Goulart, prima de Gersonita, gozava de excelente conceito na escola, apesar desta ter uma forte orientação católica. O certo é que a minha base adquirida permitiu-me no período de segundo semestre de 1938 ao fim de 1939, fazer o terceiro ano, o quarto ano e o admissão. Com resultados mais que satisfatórios, com a observação: “plenamente aprovado”.
Concluindo o primário, feito o admissão ao ginásio, não houve condições para ingressar no ginásio. Em Araguari, os padres absorveram o sistema, logo só evangélicos com disponibilidade econômica, eram recebidos no Regina Pacis. E, como o Rev. David estava sendo transferido para a Igreja de Uberlândia, meus pais passaram à discrição de Missão, que os encaminhou para Estrela do Sul, localidade onde meu pai Milburges e minha madrasta e meus irmãos, meus avós maternos Vicente e Maria Augusta, minhas tias, tios e mais familiares do clã espanhol, não evangélicos, residiam. Foram dias alegres e felizes, mas curtos, porque um dos obreiros da Missão, evangelista em Ipameri, GO., não estava desfrutando de saúde, em virtude do clima lhe ser insalubre. Resultado... Lá fomos nós em julho de 1941, para Ipameri. O período de Estrela do Sul foi ameno, feliz e próspero para a Igreja, e nós, cercados pelo carinho e solicitude dos familiares, deixamos Marcílio e Gersonita incomodados com um sentimento de que esta atual transferência, não era muito justa. Entretanto, obedientemente, entregou-se nas mãos do Deus Eterno, e foram para Ipameri, GO.
De nada adiantou a permuta, pois o evangelista não se aclimatou a Estrela do Sul e não pôde permanecer ali. No momento, meus pais pensaram que tinha sido inútil a nossa mudança.
Já mencionei que após o admissão em Araguari, não tive como continuar, porque os evangélicos pobres eram discriminados pelos Padres, proprietários do Regina Pacis.
Pois bem, em Ipameri, nossa irmã D. Catharina Daher, professora do ginásio municipal, aconselhou a meu pai, matricular-me no ginásio, para aproveitar o semestre, no admissão, porque o curriculum tinha alguma diferença do curriculum de Minas Gerais. Foi uma decisão acertada e no começo de 1942, lá estava eu, finalmente, cursando a primeira série ginasial.

domingo, 1 de junho de 2008

ESBOÇO DE UMA VIDA - parte 5

A chegada a Pouso Alto foi inesquecível. Os irmãos da pequena comunidade Presbiteriana nos aguardavam carinhosamente hospitaleiros. A mudança foi descarregada e acomodada numa das dependências do templo, cuja área residencial ainda estava ocupada pela família do antigo obreiro.
Como não havia uma residência urbana, fomos, por cerca de três meses, acolhidos na fazenda do Sr. José Alves Ferreira e D. Benedita Alves de Souza, cerca de três quilômetros da cidade. Para quem saíra da zona rural, em Araguari, nos foi gratificante aquele tempo na Fazenda Monjolinho.
“Tu serás uma bênção”, disse o Deus Eterno a Abraão.
Meus pais, na humildade deles, foram ricamente abençoados no relacionamento com os irmãos, os interessados, e moradores da cidade. O trabalho cresceu em número e na qualidade da vida cristã, e muitos simpatizantes acabaram por se decidirem pelo Evangelho. O Salão de cultos precisou ser aumentado mais que o dobro. O ofício antigo, de carpinteiro, foi de grande valia, porque meu pai arregaçou as mangas, pegou no serrote e no martelo, e o madeiramento ficou pronto e muito bem feito, o tempo não tirara o extra de Marcílio, o carpinteiro. O crescimento do trabalho incrementou-se de tal maneira que os irmãos, inclusive meu pai, se arrependeram de não terem feito um aumento maior. “A Igreja, na verdade, tinha paz por toda a Judéia, Galiléia e Samaria, edificando-se e caminhando no temor do Senhor, e, no conforto do Espírito Santo, crescia em número.” (Atos 9:31). “A Igreja tinha paz”. Alguns incidentes, que não vem ao caso aqui relatar, haviam abalado um tanto, a comunhão entre os irmãos. Todavia, a postura equilibrada, saudável e pacificadora, dos novos obreiros, lhes garantiu o respeito de uns e de outros. O antigo obreiro se envolvera com a política da terra, que naqueles dias, era violenta. Tempos da ditadura Vargas, e em Goiás a disputa pela preeminência política entre as forças políticas da época. A beligerância entre elas chegava às raias do absurdo. Perseguições, emboscadas e assassinatos. O prefeito oposicionista ao Governo da época, um bom e humanitário médico, Dr. Manuelito, foi vítima por duas vezes. Uma delas, durante nossa permanência na cidade. Meu pai foi procurado pelas lideranças, de um lado e do outro, a fim de que ele aceitasse a Prefeitura, pois segundo eles, meu pai tinha todas as qualidades necessárias e indispensáveis, para promover a paz e a concórdia entre as lideranças políticas. “Bem aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus”.
A Missão Oeste do Brasil, que liderava a obra evangélica dos presbiterianos, no Brasil Central, e coordenadora do Instituto Bíblico de Patrocínio, anualmente, realizava em Patrocínio uma convenção, visando adequar as lideranças leigas, da região eclesiástica, às necessidades dos trabalhos eclesiais, como um todo, especialmente com o desenvolvimento pela Escola Dominical.
O que tem essa programática da Missão, com o esboço de minha vida?
Meus pais convidaram o irmão José Alves Pereira e a seu filho João Alves de Souza, a irem com eles para Patrocínio para participarem da Convenção, mas antes, a passarem em Araguari para visitarem os velhos Zéca Coelho e Isolina Goulart.
Já mencionei que vivíamos no tempo da ditadura Vargas, tempo de abusos inomináveis por parte das autoridades policiais. Os delegados, militares, muitos deles não passavam de “jagunços” (pistoleiros), uniformizados a serviço dos “chefetes políticos”, que por qualquer motivo, os mais comuns e não planejados, prendiam, submetiam a humilhações e espoliações. O carvoeiro do meu avô, entregando lenha na cidade, por infelicidade esbarrou no carro do prefeito, sem, contudo, causar-lhe nenhum arranhão. O carvoeiro, apelidado Neném, verificando não ter danificado o carro, e sem saber que era o carro do prefeito, (o médico que atendeu minha mãe e me trouxe a luz), retornou a fazenda. Mas, ali não chegou porque alguém havia comunicado à polícia que o alcançou antes de sair da cidade. Prenderam-no e abandonarão o carroção e os bois a deriva. Até que um morador daquele local, amigo do meu avô, conduziu o carroção até a fazenda. Alguns minutos após tudo isso ter acontecido, o delegado, Tenente Leôncio, acompanhado de dois soldados, chegaram e foram invadindo a residência. Teve aí, o início a sessão dos horrores. Meu avô teve que se vestir convenientemente, enquanto isso, brutalmente procuravam por dinheiro e jóias, rasgaram colchões, seqüestraram uma espingarda de pequeno calibre, e levaram meu avô e o trancafiaram na cadeia, depois de o acariciarem com sopapos e borrachadas. E ele, coitado, sem saber de nada. Enquanto isso o genro que deixara os irmãos de Pouso Alto na fazenda do avô, estava na cidade e ignorava o que estava acontecendo.
Na fazenda, um quadro de desolação, minha avó e mãe entraram numa crise nervosa profunda. Nossos irmãos visitantes estavam profundamente chocados e constrangidos com tudo aquilo. Felizmente, meu pai chegou da cidade, ele estava a cavalo. Tomando conhecimento das coisas, incontinente, a galope, retornou a cidade, indo diretamente ao Prefeito, que não autorizara aquela incursão e nem tomara conhecimento do ocorrido com o seu carro. De imediato, escreveu uma ordem de soltura para que meu avô fosse imediatamente liberado. Vovô foi solto, mas a velha espingarda não foi devolvida, nem queriam devolver o seu relógio de bolso, os seus óculos de aros de ouro, e vinte e cinco mil réis achados no bolso do meu avô. Os objetos acabaram sendo devolvido, graças à intervenção de meu tio Weiller Galante (o Nhônhô), irmão de minha mãe Camélia, e amigo do prefeito. Menos os vinte e cinco réis, valorizados naquele tempo.
A partir desses fatos dolorosos, meu avô, mineiro a antiga, só pensava em vender a fazenda e acompanhar o genro e a filha, mudando-se para Pouso Alto. Meu pai e os irmãos do Pouso Alto seguiram para Patrocínio e participaram da Convenção. (Participavam do evento muitos conferencistas de fora, missionários e pastores nacionais, líderes e educadores). Enquanto isso, minha mãe, avó e uma irmã de criação de minha mãe, a dedicada Tia Galdina, preparavam as coisas que seriam levadas na mudança. Muita coisa ficou para trás. Vovô encontrara logo um comprador que ofereceu um preço abaixo do mercado, mas o velho Zéca não queria permanecer por mais tempo em Araguari, depois de tudo o que sofrera.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

ESBOÇO DE UMA VIDA - parte 4

A vida do pequeno Milburges - o Filhinho para os Ribeiros - o Camelico para os Galante -, inconsciente dos eventos dramáticos que envolveram o seu nascimento, desenvolvia-se num ambiente familiar piedoso, assistido carinhosamente pelos pais adotivos, Marcílio e Ninita, que se desvelavam para suprir aquelas necessidades peculiares a todos recém-nascidos considerando-se que o pequeno Milburges era órfão de mãe, a quem não conhecera e, por ela também não conhecido, face ao abrupto desenlace, que a vitimou.
Nos primeiros tempos, o cardápio do pequeno: leite na mamadeira, não havia como escapar dessa realidade. Todavia, providentemente ou oportunamente, três senhoras deram a luz naqueles dias, duas delas da Igreja, uma vizinha dos meus avós, outra era prima da Ninita, a terceira era outra vizinha, de família italiana, e também amiga de minha mãe, eram elas Antonina (a Nina), a Pereira (Goulart) e Eufrásia (não evangélica).
De acordo com os costumes daqueles tempos, os filhos daquelas senhoras vieram a ser minhas irmãs de leite e irmãos de leite: Camélia, Alpina (mães crentes), e Carlos (mãe católica). Isso era muito importante, tanto assim que o esposo da Camélia me trata como se eu, de fato, fosse seu cunhado.
Após aqueles primeiros tempos, meus pais retornaram para a fazenda do José Coelho e Isolina Goulart. Meu “avô” separou uma vaca leiteira, saudável, “curraleira”, que dava leite de excelente qualidade. Eu cheguei a conhecer essa “mãezinha leiteira”, chamada Mansinha. A fazenda distava da cidade cerca de cinco quilômetros, distância que não impedia a freqüência assídua aos trabalhos da Igreja. Era uma festa, pois, além da participação nos trabalhos da Igreja, passava-se um alegre dia na companhia dos parentes da cidade, avós e tios e, por tabela, as mães de leite. Meu avô Zéca, nessa época, possuía um Fordinho 28, o genro Marcílio, era o “chauffeur”, assim se tratava o motorista, que nunca precisou tirar a carteira de motorista para dirigir.
Eu participava de tudo, mas não tomava conhecimento. Quando amadureci um pouco mais, já não havia o Fordinho de bigode, o veículo, agora, era o cavalo, e o carrinho puxado a cavalo, veículo que levava à cidade o leite, frutas, frangos e ovos. Esta temporada na fazenda, foi um dos períodos felizes, dos quais muita coisa está presente na memória. Nesta ocasião o Pastor da Igreja era o Rev. David Lee Williamson (missionário) e sua esposa D. Virgínia Williamson e os seus filhos David Jr e Betinha, queridos amigos, e companheiros de Escola Dominical. Nesta fase, ano de 1934, o evangelista da Congregação Presbiteriana, Pouso Alto, Goiás, deixara a direção da Congregação. Porém, o que o incidente teria a ver conosco? O Pastor responsável pelos atos pastorais, era o Rev. David. Este, conhecendo o casal Marcílio e Gersonita, como conhecia, a dedicação dos mesmos nos trabalhos da Igreja de Araguari, convocou-os assim como Deus convocara à Abraão: “Sai da tua casa, do meio da parentela, e vai para Pouso Alto. Certamente, Deus os abençoará e vocês serão ali uma bênção para aquele rebanho sem liderança no momento, e vocês, por outro lado, se sentirão abençoados”.
Marcílio e Gersonita, apesar dos problemas afetivos que se desencadeariam com a aceitação do desafio, no seio da família, particularmente dos velhos Zéca Coelho e Isolina Goulart, que nunca, até então, haviam se separado da filha Ninita, não hesitaram. E, apesar de não terem aquela qualificação oferecida pelo Instituto Bíblico de Patrocínio, MG, criado pelo Rev. Dr. Eduardo Lane, para a preparação de obreiros leigos (os futuros evangelistas), lá foram eles já cheios de saudade, mas com muito amor e vida cristã para compartilhar com aqueles desconhecidos irmãos.
Eu ainda me lembro, daquela manhã, ali na estação da estrada de ferro, em Araguari, nós três, e uma multidão de irmãos da Igreja, que, na verdade naqueles saudosos tempos, se constituíam numa grande família, no espírito de Atos, 3:42-47; 4:32-35. Porém, bem juntinhos dos três que se arribavam, os familiares, avós maternos, paternos e os tios, se debulhavam em lagrimas. Foi dada a partida e lá fomos nós na sacolejante Maria Fumaça, precisando tomar cuidado com as fagulhas que chegavam trazidos pelo vento. Os homens usavam chapéus. Homem, o decente não abria mão de chapéu. As fagulhas deixadas pela locomotiva (máquina) parecem que tinham como alvo predileto, as capas e as abas dos chapéus. Lembro-me, assim, do buraco que uma fagulha causou na aba do chapéu do meu pai.
De Araguari para Pouso Alto, seguia-se por estrada-de-ferro até a pequena Pires do Rio, em Goiás. A estrada-de-ferro, tinha seu ponto final na cidade de Anápolis.
Pernoitava-se em Pires do Rio, numa pensão próxima à estação, cujos proprietários eram evangélicos, membros da Igreja Cristã Evangélica. De Pires do Rio para Pouso Alto, o único meio de transporte era um caminhão que levava várias mercadorias e as malas do correio, a serem distribuídas nas localidades ao longo do percurso. Sem espaço na cabine, era reservado na carroceria, para levar passageiros, preparada com bancos de tábuas, fixados nas laterais da carroceria. O caminhão tinha uma tolda de lona, que protegia do sol e da chuva, mas que tornava o ambiente aquecido como um forno. A estrada, um suplício, na seca, a poeira, na chuva, o barro, os atoleiros. Iniciava-se a viagem pela manhã e chegava-se a viagem pela manhã e chegava-se à tardezinha em Pouso Alto, quando não se pousava numa das localidades intermediárias: Santa Crus (antiga capital do estado de Goiás) e a Vila de Gameleira, praticamente habitada por evangélicos, da Igreja Cristã Evangélica (mais tarde, Cristianópolis).

domingo, 25 de maio de 2008

ESBOÇO DE UMA VIDA - parte 3


A partir, daqueles momentos dramáticos, do nascimento daquela criança e da morte da sua mãe, Ninita e Marcílio, casados há cinco anos e sem filhos, foram convocados pelo Eterno para participarem ativa e definitivamente no Projeto de vida daquele menino.
Tacitamente, o pai, viúvo, os familiares de um lado e do outro, concordaram em que, pelo menos por algum tempo, o menino ficaria sob os cuidados dos tios Marcílio e Ninita.
Após sete meses, o viúvo, contraiu novas núpcias com Laudelina Mendes (a Ladi), que logo iniciou outra família, cujo número de filhos alcançaria a soma de sete, seis meninas e um menino. Duas das filhas faleceram, ficando-lhes um filho (mais velho), e três filhas e outra extemporânea, quando a caçula já estava com quatorze anos.
Camélia e Milburges haviam decidido que se a criança esperada fosse menino teria o nome do pai e se menina, o da mãe. Camélia, a mãe, dedicou àquela criança que crescia no seu ventre ao Senhor, que fosse Pastor. E sentindo-se muito doente e alquebrada de suas forças, ela dizia, invariavelmente, à prima e concunhada Ninita: “Você vai criar o meu filho, e vai encaminhá-lo ao ministério”. Ninita desconversava, mas ela insistia: “Prometa-me, você educará o meu filho e o encaminhará ao Seminário”. A prima prometeu e Camélia ficou tranqüila.
Agora, tudo, acontecera como aquela mãe pressentira.
Marcílio e Gersonita adotaram provisoriamente o menino, porém, como o pai novamente consorciado, adquirira outros filhos, o pequeno órfão, ficou permanentemente com os tios, até que num futuro distante, o Deus Eterno, os convocassem para a mansão dos Salvos. Eles criaram com desvelo, com muito amor e responsabilidade, o pequenino, a quem nunca ocultaram a sua condição de filho adotivo, como também quem era o seu pai biológico com quem sempre se relacionou carinhosamente.
A esta altura do esboço, cremos que todos já concluíram que eu sou aquele menino, nascido a três de agosto de 1928, na cidade de Araguari, Minas Gerais.
Eu, Milburges Gonçalves Ribeiro, ao nascer perdi minha mãe biológica, porém, o Eterno já me tinha provido uma mãe cristã, Gersonita, que me criaria nos caminhos do Senhor. Proveu-me outro pai, moral e espiritualmente qualificado, Marcílio, que apoiou o compromisso assumido com Camélia, antes de o filho nascer.
Meu pai casou-se com Laudelina, minha madrasta, logo eu, agora, teria duas mães. Meus avôs paternos: Cirilo e Mariana, e maternos: Vicente e Maria Augusta (a Cota), e agora, os avôs adotivos: José Coelho e Isolina Goulart Coelho, que viveriam na companhia do neto, por todo o tempo de suas vidas.
Aí está a primeira parte do Esboço de Uma Vida, da minha vida.
“Não fostes vós que me escolhestes a mim, mas eu vos escolhi a vós outros, e vos nomeei para que vades e deis frutos e o vosso fruto permaneça”.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

ESBOÇO DE UMA VIDA - parte 2

Pelo fato de Marcílio, ter-se aproximado dos Galante, em virtude dos laços de parentesco da esposa Ninita, cinco anos após o casamento deles, três irmãos de Marcílio: Orozima, Estelina e Milburges, passaram a freqüentar a Igreja, apesar da violenta resistência de Cirilo Gonçalves Ribeiro, o pai.
Identifiquemos os outros personagens essenciais dessa história.
Vicente Alonso Galante, imigrante espanhol que não aceitou a ditadura de Franco e veio para o Brasil com irmãos e primos. Um dos irmãos, o Tomaz, preferiu seguir para a Argentina, pela facilidade da língua. Entretanto, por que será que Vicente escolheu fixar-se em Araguari? Ele não sabia, mas o Deus Eterno o escolhera para fazer parte de um Projeto, a se definir no futuro já estabelecido pela Providência. Conheceu, então, aquela que iria compartilhar de sua existência, a jovem Maria Augusta Pires, membro da Igreja Presbiteriana de Araguari, filha adotiva de Gracinda Gonzaga, membro fundadora da Igreja de Araguari e da SAF da mesma Igreja. Vicente Alonso Galante, casado e já convertido e membro da Igreja, foi eleito Diácono da Igreja, na sua organização. O casal Vicente e Maria Augusta, teve sete filhos, três varões e quatro mulheres, destas destacamos as irmãs flores, Violeta, Camélia e Miosótes. (primas da Ninita). Pois bem, já dissemos que o casamento de Ninita e Marcílio, aproximou seus irmãos Milburges, Arozina e Estelina, da família Galante, especialmente da prima Camélia Pires Galante. Por que Camélia? Porque esta era a prima e amiga íntima de Ninita, o que permitiu ao jovem Milburges não só conhece-la, como a alimentar a pretensão de um namoro e casamento. Pedida a mão ao velho Vicente, foi esta concedida, com a mesma observação, que a liberdade religiosa da filha fosse respeitada. Nesse caso não só foi respeitada como em curto prazo para o que Milburges aceitasse o Evangelho e Professasse a sua fé e fosse batizado. Casaram-se, Camélia, todavia, era frágil e a saúde não era boa. Era uma jovem de pele alva, olhos azuis, cabelos loiros e cacheados, simpática, sensível e bela.
Não demorou muito se engravidar. Sua gravidez foi difícil e complicada, a saúde começou a definhar. O seu médico preconizou um parto de risco e preveniu que ela não poderia ser cloroformizada. O clorofórmio era comumente usado, como recurso anestésico para aliviar a dor e a relaxar a tensão nervosa. Aconteceu que ao chegar a hora de Camélia, o médico que lhe acompanhara o processo de gravidez, viajara, e foi necessário apelar-se para outro médico que diante dos problemas verificados no parto, acabou cloroformizando a paciente, e o coração da mesma não suportou. O médico, Prefeito da Cidade, sentindo que iria perder a paciente, observou ao esposo desolado: “pessoalmente, creio que o melhor seria deixar a criança ir junto, pois provavelmente não suportará o “fórceps”; não havia mais condições para a criança nascer naturalmente, só sendo extraída a “fórceps”. O marido pediu ao médico que tentasse salvar a criança. Depois de muita luta, finalmente a criança, um menino, nasceu, muito machucado e ensangüentado. Foi um pânico total, os avós maternos e paternos, estavam ali ao lado solícitos, incluindo a prima Gersonita.
A Igreja de Araguari estava comemorando o seu aniversário, com uma série de conferências, que durariam até o dia 5 de agosto, data do aniversário. O Pastor da Igreja era o Rev. James Woodson (missionário americano), os conferencistas, filhos da Igreja, Revs. Jorge T. Goulart e Galdino Moreira (consorciado com Perola Goulart, irmã de Jorge).
Imaginemos o impacto da notícia do falecimento de Camélia. Pai, irmãos, o cunhado Marcílio, os outros parentes como Zéca Coelho e Isolina Goulart, participavam do culto, naquela noite de 3 de agosto de 1928. Que cenas indescritíveis encontraram ao chegar à residência do Milburges.
É necessário, aqui, registrar mais uma provisão da Providência. Cirilo, o marceneiro – carapina, às vezes, pegava algumas encomendas de móveis e novamente, convocava os filhos varões para ajudá-lo. Nesta ocasião, Milburges e Camélia, ofereceram a sua casa a Marcílio e Ninita, para aquele período de trabalho especial para os Ribeiros.
Perguntaríamos, mas qual o envolvimento deles nos trágicos acontecimentos mencionados?

terça-feira, 20 de maio de 2008

ESBOÇO DE UMA VIDA - parte 1

No emaranhado e intricado caminho da vida, o homem não tem condições para, com precisão, determinar o curso da própria vida a fim de atingir propósitos e objetivos. Parece-nos que Tiago tinha uma consciência bastante esclarecida a respeito da “fragilidade dos projetos humanos”. "Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece. Em lugar do que devíeis dizer: Se o Senhor quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo." (4:14,15).
Nas palavras do Salmista: “Nas tuas mãos, estão os meus dias...”; “no teu livro foram escritas todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda.” (31:15;139:16)
Não foi diferente comigo!
Mas, vamos à história, prenúncio da minha própria história.
Personagens que um dia se associariam à minha vida. Nenhum deles poderia prever o desenrolar e o desfecho de eventos que pertenciam, todos eles a economia da Providência Divina.
Assim é que, o marceneiro e carpinteiro Cirilo Gonçalves Ribeiro, sua esposa Mariana Cândida de Jesus e filhos, transferem residência da cidade de Araguari, MG, para o pequeno distrito de Piracaiba. Fora ele contratado para fazer o madeiramento da nova Igreja Católica, da vila. Os filhos varões eram os seus auxiliares: Marcílio (o mais velho), Milburges, Cirilo Filho e João (que além de carpinteiros eram marceneiros). Tanto como carapinas ou como marceneiros, eram muito requisitados pela qualidade dos seus serviços. O velho Cirilo foi ficando, ficando na Vila de Piracaiba. O filho mais velho, o que tinha algum estudo, o primário completo, abriu uma escola e era o sacristão da vila. A família era muito católica e idólatra.
Vamos agora conhecer outros personagens dessa história em esboço. Se os primeiros eram conhecidos pelo inflexível romanismo, estes outros faziam parte da Igreja Presbiteriana de Araguari (Congregação de Piracaiba). José Coelho da Cunha e esposa Isolina Goulart Coelho e a filha moça, já madura, Gersonita, José Coelho (o Zéca), era conhecido como o “fazendeiro colportor”, semeador de Bíblias e Igrejas, Isolina Goulart, dos Goulart de Estrela do Sul, Araguari (irmã do velho Tertuliano Goulart (o Tula) e tia do Rev. Jorge Thomson Goulart), ambos integraram a Igreja Presbiteriana de Araguari, na sua organização. Isoldina foi sócia fundadora da centenária SAF de Araguari, e professora das crianças na escola dominical. Essas duas famílias tão diferenciadas se associariam por que esta era a vontade do Deus Eterno. Gersonita (apelidada de Ninita) conheceu o Marcílio (o mestre escola e sacristão católico romano), simpatizou-se um pelo outro. E o jovem professor atreveu-se a pedir a mão da jovem Ninita, ao sistemático e puritano Zéca Coelho. Para espanto de família Coelho da Cunha, Alves Pereira, Carrijo e Borges e dos Goulart, o pedido foi aceito. Um dos primos da Ninita, interessado na prima, perguntou ao primo Zéca Coelho, “não entendo porque você aceitou o pedido, quando existem moços crentes interessados nela”. O velho Zéca, com sua rude e habitual franqueza, respondeu: “O Marcílio é muito católico, porém, tem a vida de um crente, enquanto você é filho da Igreja mas não vive como crente”. Foi um xeque-mate na pretensão do parente. A única exigência foi que a liberdade religiosa da filha fosse respeitada. Casaram-se, e o genro Marcílio, resolveu ler a Bíblia, às escondidas, visando rebater os argumentos do sogro. Porém, ele não sabia que tudo o que lhe acontecera, fazia parte de um Projeto do Eterno. Assim, após um ano, o jovem Marcílio, que agora trabalhava nas lidas da fazenda do sogro, fazia sua Profissão de Fé e Batismo. Integrado, agora, na família evangélica, Coelho Goulart, integrou-se também na Comunidade da Fé, e dos outros parentes da esposa, os Pires Galante da Igreja em Araguari.

quarta-feira, 12 de março de 2008

45 ANOS


Completo hoje 45 anos.


Minha querida esposa perguntou-me como me sinto. Respondi que fisicamente me sinto com mais idade do que tenho, mas mentalmente, se posso assim dizer, sinto-me mais jovem.

Minha impressão é de que não vivi tudo isso. Esse número 45 parece pesar muitos marços do que de fato pesa.

Isso é normal? Será que todos nessa faixa etária passam por isso?

Tudo foi muito rápido para mim. Casei novo, tão novo que foi preciso meus pais assinarem minha antecipação legal de idade, se não, não me casava.

Meus filhos foram chegando espaçadamente de dois em dois anos. Com vinte e três eu já era pai de três lindas crianças.

Com quarenta e três anos já era avô de dois netos lindos e travessos.

Também, com essa mesma idade, perdi meu velho e saudoso pai aos 77 anos, que infelizmente não conheceu meu segundo neto, e seu segundo bisneto.

Hoje, em casa, só restou a mim e minha mulher. Meus filhos estão todos casados e seguindo suas vidas cada vez mais independentes.

Quando estão aqui e depois se vão, a casa que se faz pequena com tanto movimento, fica enorme... e a sensação de esvaziamento é de mim mesmo.

Por natureza sou um introvertido, com poucas, muito poucas amizades. Senti cedo a responsabilidade de se criar uma família. Minha vida sempre foi trabalho e casa. E o fruto do trabalho sempre para a família.

Mas agora, todos com suas vidas fora de casa, preciso aprender a focar minhas energias em outros objetivos. Os netos, por um tempo, vão me distrair, mas preciso aproveitar o tempo que ainda resta.

Viajar para lugares ainda não conhecidos... São tantos... São todos... Saborear pratos diferentes, menos peixe... Não precisa ser tão diferente assim. Ler bons livros... Chega de livros técnicos. Bons filmes, novos e velhos, aqueles que realmente valem a pena ver de novo. Aprender a dançar. Ouvir música boa. Música boa é aquela que não agride aos ouvidos e proporciona prazer. Não importa o gênero. Viver e viver bem com quem quiser viver comigo.

45 anos. Nova fase de vida e muito agradecido a Deus pela sua maravilhosa Graça.

David... meu eterno namorado,


Espero que este dia seja tão maravilhoso como tem sido estar ao seu lado.Que você continue sempre sendo esta pessoa doce, meiga, sensível e acima de tudo o meu grande Amor. Na verdade, não há como definir, expressar ou explicar. Apenas sentir e deixar que invada o nosso coração.


Sabe, trago à minha memória as lembranças do nosso início de relacionamento e me alegro e constato que eu estava certa, pois, o que me atraiu a você, não foi a sua beleza física e, sim, a sua beleza interior, a sua integridade, sua espontaneidade, sua sinceridade e simplicidade, enfim, como não destacar a sua integridade e a maneira de você me olhar. Você me olhou nos olhos e descortinou o meu ser, me amou e me desejou e me assumiu como eu era. Uma menininha simples e de uma beleza singular.


Hoje, dia do seu aniversário, quero cientificá-lo, que você e eu mudamos. Sim, envelhecemos..., mas, você continua me atraindo com os mesmos predicados, com a mesma beleza do começo do namoro... Meu “menininho do rio”! Te amo! Te amo mais que os “ontens” e menos que os amanhãs, te amo por você ser você, com a sua beleza incontestável.


Saiba que, o meu amor por você, é o melhor que posso lhe presentear.


Te amo sempre! Sua Tell, sua menininha!


Salve! 12/03/08

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

DEIXADOS PARA TRÁS!


“Ouvi, SENHOR, a tua palavra, e temi; aviva, ó SENHOR, a tua obra no meio dos anos, no meio dos anos faze-a conhecida; na tua ira lembra-te da misericórdia.” Habacuque 3:2


Há uma música que me chamou atenção. Não sei quem é o cantor, apenas liquei o toca CD do carro, e a música estava lá. Coisa providencial, depois descobrir que o CD é da namorada do meu filho, o Wesley, seminarista do último ano. A letra é mais ou menos assim: “Eu não preciso ser reconhecido por ninguém, a minha glória e fazer com que conheçam a ti, que diminua eu pra que tu cresças Senhor, mais e mais".


Não temos direito de receber dos nossos próprios filhos na fé, da igreja de que nós plantamos, que nós pastoreamos, qualquer reconhecimento ao ponto de colocar-nos num pedestal, conforme o índio Arariboia, aqui no centro de Niteroi. E de que você missionário não pode errar. A acusação que Paulo recebe em I Cor 1: 17: “E, deliberando isto, usei porventura de leviandade? Ou o que delibero, o delibero segundo a carne, para que haja em mim sim, sim, e não, não?”, é muito interessante. Paulo está se defendendo contra uma acusação de mentiroso, dele não falar a verdade. O próprio Apóstolo Paulo, homem que representa diretamente a honestidade de Deus, sendo acusado de prevaricação, isto é, leviandade. Leviandade é uma maneira muito gostosa de falar, eu menti, eu falei erradamentem, agora Paulo tem de se desculpar. Porque ele tem de se desculpar? Porque obviamente mesmo sendo pai na fé desses irmãos de Corinto, ele não tem suficiente importância na sua mente, na mente desses irmãos, reconhecer dele uma pessoa que não pode errar, uma pessoa de imponência, tanto teológica ou em termos de vida pessoal que ele não podia de forma alguma errar ou mentir.


‘Eu li um livro maravilhoso, chamado “Além do perdão”, que tinha a seguinte frase: ‘a igreja tem a fama de ser o único exército do mundo que deixa seus soldados feridos de guerra para trás’. A igreja tem que tratar seus soldados e ajudá-los. Não estou dizendo que devemos tapar o sol com a peneira, isso jamais. Temos que conscientizar a pessoa do seu erro, porém, excluí-la não é a solução”.

“Infelizmente a Igreja, não está preparada para cuidar dos feridos, daqueles que vão ficando no caminho, seja por infelicidade na vida ou por causa de seus próprios erros. Me parece ser mais fácil excluir, deixar pra lá como se os feridos não tivessem feito parte de nada e que simplesmente acabaram.” Triste ver um rastro ficando atrás da Igreja de soldados feridos, de gente esquecida! Homens como Abraão, Isaque, Jacó, Moisés, Noé, Davi, com certeza se vivessem hoje seria também esquecidos pela Igreja.


‘A Igreja usa as pessoas até o ponto que elas tem pra dar, seja seu dinheiro, seu tempo seu potencial e depois dispensa, deixando de expressar a maior ênfase de Cristo, o amor de Deus”.


No final a música expressa: “Tua Graça Me Basta”, afirma: “Só os teus olhos me veêm, de baixo de tuas asas. É o meu abrigo, meu lugar secreto, Só Tua graça me basta e Tua presença é o meu prazer...”

Tem muitos vivendo assim, verdadeiros cristãos, homens e mulheres da Palavra de Deus, que vivem por ela, e, dela se alimentam diariamente, mas que não encontram mais guarida na vida comunitária da Igreja. A igreja precisa ser restaurada, precisa voltar ao primeiro amor, precisa viver novamente os ensinamentos de Jesus Cristo, precisa urgentemente de ser avivada.


Ah! Hoje descobri de quem é a música...não preciso falar, vocês já sabem.

Pense: “Pode uma mulher esquecer-se de seu filho de peito, de maneira que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse, eu, todavia, não me esquecerei de ti.” Isaías 49:15


Ore: Senhor! Porque somos assim. Estamos sempre correndo atrás de reconhecimento, e, acabamos esquecendo os nossos feridos para trás. Homens que foram tremendamente usados por tí. Eu quero lembrar Senhor, lembrar com todo carinho de como Tú usaste no Teu Reino, homens que agora estão jubilados, não sei se podemos fazer isto mas fazemos, pastores como Evandro Luiz da Silva, Edésio Chequer, Caio Fábio, Ricardo Gondim e tantos outros e que podes usá-los novamente com a mesma força e o mesmo vigor de outrora.


Em nome de Jesus.


Amém


segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

DIAS MELHORES...

Todo início de ano, dizemos: "Ano novo, vida nova!". Este é o chavão mais comum nessa época, e junto dele vêm nossas muitas promessas que anseiam por uma vida nova e diferente da que tivemos no ano que passou: "...perder a barriga!"; "...mudar a conduta!"; "...trocar de carro!"; "...ler a Bíblia toda!"; "...estar firme na obra do Senhor!", "...orar mais!"; e por aí vai...

A expectativa do "novo" é muito boa, pois ela alimenta nossa esperança e fé. Dá um novo ar no rumo da vida... E o homem sempre ansiou por "coisas novas" em sua vida. Creio que isto é algo divino em nós, pois Deus também gosta de "coisas novas"! Na verdade, é Ele quem sempre faz "novas todas as coisas"...Foi o profeta Isaías quem assim anunciou acerca do NOVO de Deus:"Esqueçam o que se foi; não vivam no passado.Vejam, estou fazendo uma coisa nova!Ela já está surgindo! Vocês não a reconhecem?Até no deserto vou abri um caminho e riacho no ermo."

A mensagem do profeta fala da irrupção de um novo tempo, onde a dimensão do juízo acabaria, e a dimensão do perdão divino que traz salvação dominaria eternamente. É Deus rompendo o palco da história humana de maneira alvissareira: "Vejam, estou fazendo uma coisa nova!". É o Caminho da Graça de Deus sendo pavimentado na história da humanidade. É Deus boanovisando os corações e o mundo. É o rompimento do NOVO de Deus em nossas vidas...

Então... que na passagem do velho para o novo ano, tal mensagem se afirme como verdade para você... e que assim sendo; NOVA SEJA A TUA VIDA!!! Pois é tal Graça de Deus que nos faz novos para a vida. É este NOVO de Deus que faz a vida ser "re-novada"... Pois algo novo nasceu em nossos corações!!!E é toda vida transformada por tal mensagem... "que tem grande poder quanto a influenciar outros; sem falar que quem foi transformado, transforma na medida em que carrega a semente de algo novo em si mesmo".

Portanto, aos deste Caminho Novo ...

Seja 2008 um ano de vidas transformadas...

Seja 2008 um ano de transformação de realidades...

Seja 2008 um ano de contagiar o mundo com o que temos de melhor...

Seja 2008 um ano de dias melhores...

Seja 2008 um ano de se samaritanizar...

Que este seja um ANO DO SERVIR!

Seja 2008 tempo de Deus. Tempo com Deus. Tempo para Deus. E vida para todos nós.

Amém!

Feliz Ano Novo!

Chico

http://blog-caminho.blogspot.com